Alguns casais enamorados gostam de registrar seu amor em troncos de árvores. Brahms porém preferiu gravar o nome de sua amada em algo que ele tornou mais eterno do que árvores: uma obra sua (e aqui não estou falando na dedicatória).
O sexteto de cordas nº2 Op.36 começa de uma forma bem misteriosa, temperando a tonalidade de Sol Maior com acordes de mi bemol. Eis o primeiro tema:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-1.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 1. Tema 1 (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]Mas logo logo o sol começa a brilhar:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-2.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 2. Transição (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]E quando surge o segundo tema, Brahms não foge das regras clássicas da forma-sonata e o apresenta na dominante, Ré Maior:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-3.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 3. Tema 2 (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]É no clímax que aparece o nome da sua amada, Agathe von Siebold, repetido várias vezes:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-4.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 4. Tema AGATHE (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]Na notação alemã, cada nota musical é representado por uma letra. Assim: A=lá, G=sol, H=si natural, E=mi, e Agathe vira la-sol-la-si-mi. A letra “T” não está associada a nenhuma nota, porém curiosamente o acompanhamento apresenta um ré, “D”, que possui um som parecido com o da letra “T”.
O desenvolvimento é todo ele baseado no primeiro tema…
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-5.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 5. Desenvolvimento (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]… que retorna à sua forma original em Sol Maior apenas na reexposição:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-6.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 6. Reexposicao tema 1 (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]Aqui a reexposição apresenta uma pequena armadilha para o nosso apaixonado compositor. Pois se ele seguir as regras clássicas e apresentar o segundo tema na tônica, as notas mudarão de lugar e o nome da Agathe desaparecerá. Contudo, regras são regras, e o segundo tema vem na tônica mesmo, Sol Maior…
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-7.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 7. Reexposicao tema 2 (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]… assim como o tema da Agathe, agora deslocado de lugar:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-8.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 8. Reexposicao tema Agathe (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]A solução para esse problema já estava pronta lá na exposição: a continuação da frase. Na exposição estávamos em Ré Maior, e o tema depois repete em Lá; aqui como estamos em Sol, o tema repete em Ré e o nome Agathe volta a aparecer:
[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/06/SextetoOp36-9.mp3|titles=Brahms: Sexteto 2 Op.36 – 1. Allegro non troppo – 9. Reexposicao tema Agathe 2 (Quarteto Amadeus; Aronowitz; Pleeth)]O vídeo abaixo é sugestão do meu amigo Paulo Egídio: são os membros do lendário Quarteto Amadeus, desfeito após a morte do violista Peter Schidlof, tocando este sexteto com membros do quarteto Rios Reyna. Infelizmente o vídeo começa já na repetição da exposição, mas mesmo assim vale à pena!
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Bravo, mestre Amancio! Acabo de compartilhar via fb com alguns alunos de Música de Câmara, a quem falei estes dias da obra.
Abração.
Que legal, essa idéia de Brahms, vou fazer igual a ele e compor uma sonata em homenagem a minha namorada rs
Estudo, tenho interesse sobre tudo o que há em música e achei seu site formidável. Interessantíssimo e educativo. Parabéns.
Rapazes, este é o melhor blog sobre música erudita que já vi. E olhe que eu navego nos mares da Internet desde 1995 e adoro música erudita desde 1988. Vocês estão de parabéns. Sério.