A receptividade ao post que apresenta 15 óperas para ouvir antes de morrer me incentivou a indicar, nesta nova lista, 10 grandes concertos para piano da história da música que representam bem este tipo de composição, tão popular e presente na produção de muitos mestres. Assim como no tópico sobre óperas, busquei indicar apenas um concerto por compositor, o que foi extremamente difícil nos casos de Mozart e Beethoven, autores de várias obras-primas para piano e orquestra que revolucionaram o gênero e serviram de referência para as futuras gerações de compositores. Também esclareço que esta lista tem apenas o propósito de servir como um roteiro básico, um ponto de partida para se explorar o inesgotável acervo disponível, não se tratando necessariamente das obras mais belas do repertório – embora, naturalmente, estejam entre elas. Dispostos em ordem cronológica de composição, foram selecionados os seguintes concertos:
[1] WOLFGANG AMADEUS MOZART (1756-1791)
Concerto para piano nº 21 em Dó maior, KV 467 (1785)
Composto em 1785, o concerto em Dó maior, KV 467, sucedeu, com um intervalo de menos de um mês, o impressionante concerto em Ré menor, KV 466. Embora seja atualmente um dos concertos mais populares de Mozart, principalmente devido ao seu segundo movimento, não gozou, quando de sua composição, da aprovação de seu pai, que o classificou como “surpreendentemente difícil”, tanto no que lhe diz respeito à execução quanto à linguagem. Obra brilhante e de vivos contrastes internos, neste concerto Mozart parece transportar abertamente para o gênero instrumental muito da dramaticidade operística que dominava com maestria. Apesar disso, tanto neste concerto, quanto no seu precedente, e no concerto em Lá maior, K. 488, que o sucedeu, Mozart reitera esse lado abstrato da linguagem musical, que, por não querer significar nada além do que ela própria, conduz às reflexões mais elevadas e induz a transcendência. O concerto ganhou o apelido “Elvira Madigan” em 1967 após a sua utilização no filme sueco de mesmo nome, que trata da trágica morte da trapezista Edvig Jensen (1867-1889), assassinada pelo seu amante. O Andante popularizado pelo filme (vídeo) é marcado por uma cantilena, que exprime uma serena felicidade sempre ameaçada por um sentimento de melancolia, mas que logo se dissipa e dá lugar a uma paz sem paralelo na música.
Gravação indicada: Serkin / London Symphony Orchestra & Abbado [DG]
[2] LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, Op. 73 (1811)
É o último concerto para piano escrito por Beethoven. O subtítulo “Imperador”, como hoje é conhecido o concerto, não foi dado pelo compositor, mas por seu editor em Londres. Beethoven, na verdade, nunca teve simpatia por imperadores. Vemos isso, por exemplo, na dedicatória da sua terceira sinfonia, hoje conhecida como “Heroica”, que se chamava, inicialmente, “Sinfonia grande, intitolata Bonaparte”. Foi composta em homenagem a Napoleão, na época em que ele lutava contra os impérios europeus e incorporava os ideais da Revolução Francesa. Mas, quando o general se autoproclamou imperador, o inconformado Beethoven apagou a dedicatória com tanta força que acabou rasgando o papel. Mais tarde, Beethoven a renomeou como “Sinfonia eroica, composta per festeggiare Il sovvenire d’un grand’uomo”. Com o Concerto nº 5, Beethoven conseguiu aliar grandiosidade, virtuosismo e intimidade em uma única obra. Nele, o piano é elevado ao posto de grande participante da cena, ao invés de ter de se confrontar com a orquestra o tempo todo. No início do primeiro movimento (vídeo), tão logo a orquestra ataca o primeiro acorde, o piano a interrompe para executar uma breve cadência. Deixando claro que seu papel é o de protagonista, esse atrevimento do solista se repete ainda duas vezes quando ele finalmente cede lugar à orquestra.
Gravação indicada: Michelangeli / Wiener Symphoniker & Giulini [DG]
[3] FRYDERYK FRANCISZEK CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano nº 1 em Mi menor, Op. 11 (1830)
Os dois concertos para piano e orquestra de Chopin são obras da sua juventude. O primeiro a ser publicado foi executado pela primeira vez no último dos recitais dados por Chopin no Teatro Nacional de Varsóvia, em outubro de 1830. Com ele o compositor despediu-se de sua terra, pois Chopin jamais voltou à Polônia. Sepultado em Paris, só o coração do artista foi transportado para a catedral de Varsóvia. Os concertos de Chopin ocupam um lugar de exceção na história desse gênero musical, enquanto afastam-se do modelo ideal criado e consagrado por Mozart. Nos concertos mozartianos a orquestra e o instrumento solista estabelecem um engenhoso diálogo. Chopin limita consideravelmente o papel da orquestra que, praticamente, apenas introduz os temas e interliga os episódios, os quais serão desenvolvidos pelo piano. A forte personalidade artística de Chopin manifesta-se já nessas primeiras obras, pelo encanto de suas melodias. O Romanze-Larghetto (vídeo) tem o clima de um noturno. Sobre um delicado acompanhamento das cordas, com algumas intervenções suaves dos sopros, o piano canta uma melodia eminentemente lírica. A ornamentação caprichosa, tipicamente chopiniana, conforma o virtuosismo à expressão poética.
Gravação indicada: Argerich / Montreal Symphony Orchestra & Dutoit [Warner Classics]
[4] ROBERT ALEXANDER SCHUMANN (1810-1856)
Concerto para piano em Lá menor, Op. 54 (1845)
O que impressiona na leitura atenta dos escritos de Schumann é a sua prodigiosa riqueza em traços contraditórios. Assim André Boucourechliev, um dos biógrafos mais importantes do compositor, inicia seu principal estudo sobre a vida e obra do mestre. Boucourechliev nos mostra que a música de Schumann, mais que seus escritos, nos ajuda a compreendê-lo: “nela, a distinção entre a face clara e a face obscura de seu ser aparece com a evidência refulgente da obra de arte”. Se desde o início de sua carreira de compositor essas oposições já se revelam como traço fundamental de sua linguagem, o que dizer, então, de suas obras de maturidade? Basta ouvir os primeiros minutos deste que talvez seja o mais emblemático dos concertos românticos, para percebê-las com nitidez irrefutável: após alguns compassos de uma introdução brilhante, segue-se, exposto pela orquestra e depois imitado pelo piano, o tema principal da obra, de caráter intimista, que dominará pelo menos os dois primeiros movimentos, mais a transição do segundo para o terceiro movimentos. O concerto foi originalmente concebido como uma fantasia para piano e orquestra. A estreia se deu em dezembro de 1845, em Dresden, tendo como solista a esposa do compositor, a grande pianista Clara Schumann.
Gravação indicada: Lupu / London Symphony Orchestra & Previn [Decca]
[5] CHARLES-CAMILLE SAINT-SAËNS (1835-1921)
Concerto para piano nº 2 em Sol menor, Op. 22 (1868)
A versatilidade de Saint-Saëns foi algo incomum. Compositor reconhecido, pianista, organista, maestro, professor e editor musical, interessou-se também por diversos ramos do conhecimento científico como matemática, acústica, astronomia, arqueologia, botânica e filosofia. Sua intelectualidade multifacetada foi enriquecida por inúmeras viagens a lugares exóticos como Sri Lanka, Indochina, Ilhas Canárias e Egito. Conheceu também o Brasil e foi amigo de Henrique Oswald. Saint-Saëns se utilizava do seu amplo conhecimento para compor melodias simples e populares. Seu Concerto para piano nº 2 foi escrito em 17 dias, inspirado pela primavera parisiense de 1868. Sigismond Stojowski disse, com certa dose de humor, que a obra ia “de Bach a Offenbach”. Fazia referência à magnífica e solene introdução improvisatória do piano, organística, tão comum à sacralidade da música de Bach; e ao final do Concerto, uma agitada tarantella, dançante, próxima da natureza mundana do can-can de Offenbach. Anton Rubinstein, na sua crítica, salientara o conjunto diverso da obra destacando “elegância e ousadia, brilho deslumbrante e temperamento”, enquanto Franz Liszt afirmava que ela lhe agradava “singularmente”.
Gravação indicada: Rubinstein / Philadelphia Orchestra & Ormandy [RCA]
[6] EDVARD HAGERUP GRIEG (1843-1907)
Concerto para piano em Lá menor, Op. 16 (1868/1906)
Numa carta aos pais, escrita em Roma em 1870, Grieg narra o episódio em que ele mostra a Franz Liszt seu concerto para piano: “estávamos curiosos para ver se ele seria capaz de tocar meu concerto à primeira vista. Por mim, achava isso impossível. Liszt era de outra opinião. E pôs-se a tocar e, ao terminar, afastou-se e, em grandes passadas pela sala, vociferava: ‘Sol, Sol e não Sol sustenido!’ E então disse baixinho: ‘Smetana trouxe-me recentemente qualquer coisa nesse gênero…’. Por fim, devolvendo-me o trabalho, disse-me com aquele seu modo estranho e profundo: ‘Continue assim, é o que lhe digo; você possui as qualidades precisas; não se deixe amedrontar’”. O episódio revela pontos cruciais acerca da obra. Em primeiro lugar, a grande bravura técnica que demanda do intérprete. Em segundo, a inserção de Grieg em um braço do Romantismo que se volta para origens nacionais, em busca de novos materiais expressivos. O concerto foi composto quando Grieg tinha 24 anos, durante uma de suas viagens à Dinamarca, aonde costumava ir em busca de um clima mais ameno. Não é na inovação formal que Grieg se destaca, mas na riqueza de seu trabalho melódico e harmônico, além do vivo ritmo. Nesses parâmetros é que se observa sua relação com o folclore e, nela, seu próprio caminho de expressão pessoal.
Gravação indicada: Perahia / Bavarian RSO & Davis [Sony Classical]
[7] PYOTR ILYICH TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Concerto para piano nº 1 em Si bemol menor, Op. 23 (1874)
Um toque imperativo de quatro trompas em uníssono, em quatro notas, contrapostas por poderosos acordes da orquestra preparam o ouvinte para o célebre tema da mais popular obra do gênero. Assim como Mozart, seu compositor predileto, Tchaikovsky considerava que a execução da parte solo de um concerto deveria superar em brilho e virtuosidade o solo instrumental de outros gêneros musicais. Tchaikovsky ampliou a definição do termo concerto – traduzível do italiano como acerto ou concordância – para “embate”. Em suas próprias palavras, o novo gênero, passado de dueto a duelo, reúne dois adversários: “de um lado a orquestra, com toda a sua força e inesgotável riqueza de colorido; de outro o piano, um adversário menor, porém forte de espírito, que sairá frequentemente vitorioso se estiver nas mãos de um talentoso executante”. Inspirado no virtuosismo do discípulo Sergei Taneyev, escreveu o Concerto nº 1 e dedicou-o ao pianista Nikolai Rubinstein, fundador do Conservatório de Moscou. Suas críticas, no entanto, foram tão severas que Tchaikovsky viria a trocar a dedicatória, redirecionada ao grande regente Hans von Bülow, discípulo e genro de Franz Liszt. Von Bülow estreou a obra em Boston, Estados Unidos, em 1875, e mais tarde na Alemanha, conferindo ao concerto o status de obra-prima cosmopolita. Sucesso absoluto em todo o mundo até hoje.
Gravação indicada: Pletnev / Philharmonia & Fedoseyev [Virgin Classics]
[8] JOHANNES BRAHMS (1833-1897)
Concerto para piano nº 2 em Si bemol maior, Op. 83 (1881)
Brahms compôs dois concertos para piano, separados por um intervalo de mais de 20 anos. O Concerto nº 2 foi planejado como uma grande sinfonia com piano, em quatro movimentos, e tem proporções inéditas. Os pianistas o consideram um dos mais difíceis do repertório, devido à profundidade de sua expressão e à complexidade da escrita. Em alguns momentos o pianista deve se impor com o máximo de sua potência, em outros atua com extrema delicadeza, limpidez de toque e discrição. O primeiro movimento marca-se por grandes contrastes emocionais e sutis combinações instrumentais. O segundo movimento é caracterizado como uma dança macabra. Em cartas a amigos, Brahms se referia a ele como um “pequeno movimento inocente, inofensivo ou ingênuo”. O terceiro movimento apresenta um segundo solista, o violoncelo, confiando-lhe a emocionante melodia do tema principal. Já o último movimento é um rondó-sonata, ora lembrando a leveza da música vienense, ora de sabor cigano, diferindo esse movimento dos anteriores e conclui o concerto em clima de muita luminosidade instrumental, entusiasmo e otimismo. Músicos contemporâneos de Brahms consagraram-no como figura emblemática da tradição musical alemã, em oposição à novidade então representada pelo wagnerismo.
Gravação indicada: Curzon / Wiener Philharmoniker & Knappertsbusch [Decca]
[9] SERGEI VASILIEVICH RACHMANINOFF (1873-1943)
Concerto para piano nº 2 em Dó menor, Op. 18 (1901)
Em 1892, Rachmaninoff completou seus estudos musicais. O primeiro concerto para piano recebeu duras críticas. A desastrosa execução de sua primeira sinfonia também lhe causou profundo desapontamento. Sua depressão levou-o ao consultório do Dr. Nicolai Dahl, que estudou com Jean-Martin Charcot, professor de Sigmund Freud. O tratamento envolvia hipnoterapia e psicoterapia. Em certa ocasião, o paciente contou algo que muito o atormentava: a promessa que fizera aos ingleses de executar um concerto para piano. Dahl durante a hipnose, sugestionava Rachmaninoff: “você vai começar a escrever o seu concerto, você trabalhará com grande facilidade, o seu concerto será uma grande obra”. A beleza e o fino acabamento da obra fizeram dela, além de exemplo de superação e êxito, um novo modelo estético de concerto romântico para piano. O impacto emocional do concerto, dedicado ao Dr. Dahl, entusiasmou autores de trilha para cinema a escreverem obras do gênero. O compositor, sabendo que Dahl também era violista amador, fez frequente uso destacado da viola na orquestração. Curiosamente, o Dr. Dahl tocou a obra em Beirute para onde emigrou em 1925. Ao fim da apresentação, o público, informado de que o homenageado estava na orquestra, clamou para que Dahl se levantasse para uma calorosa homenagem.
Gravação indicada: Zimerman / Boston Symphony Orchestra & Ozawa [DG]
[10] JOSEPH MAURICE RAVEL (1875-1937)
Concerto para piano em Sol maior, M. 83 (1931)
A escrita pianística de Ravel descende diretamente de Liszt e, com o início do século XX, enumera uma série de obras-primas, como Jeux d’eau (1901), sua Sonatina e as Valses nobles et sentimentales. Na suíte Le tombeau de Couperin (1917), o compositor homenageia amigos mortos na Primeira Guerra e, simultaneamente, reverencia a tradição musical francesa do século XVIII. Com essa obra Ravel interrompe sua produção para piano solo. O instrumento aparecerá somente em formações de câmara, com voz ou junto à orquestra, nos seus concertos. No Concerto em Sol maior, Ravel, segundo suas próprias declarações, referencia dois modelos citados acima: Mozart, quanto ao plano formal, e Saint-Saëns, pela valorização do efeito sonoro. De fato, o brilhantismo da orquestra, principalmente dos sopros, aqui se equipara ao virtuosismo do instrumento solista. O primeiro movimento tem caráter dançante. O tema inicial aparece no flautim sobre pizzicati dos violinos e das violas. Para o Adagio assai, em torno do qual se articula todo o concerto, Ravel inspirou-se no andamento lento do Quinteto com clarinete de Mozart. O Presto final transmite a alegria de uma festa campestre no país basco.
Gravação indicada: Zimerman / Cleveland Orchestra & Boulez [DG]
Obrigado ao Fred pela lista! Um post que explicou muitíssimo bem o formato do concerto e o que se passa em alguns citados nesta lista foi este: “Forma-Sonata de Concerto”, escrito pelo Amancio.
Êba, post novo depois de dez meses! Parabéns pela lista, mestre Fred, mas realmente é impossível escolher apenas um dos concertos de Mozart entre os tantos exemplos da perfeicäo absurda que ele alcancou nessa forma. Lembro apenas o já citado K488, em lá maior, que era tb o concerto mozartiano favorito de Messiaen.
É pena constatar que o concerto mais recente da lista tem quase 100 anos. Um indício da decadência dessa forma? Ou precisaríamos apenas de mais tempo para julgar e apreciar melhor as obras de Bártok (ah, o terceiro concerto…), Szimanowski e Ligeti? Só pra citar três. Grande abraco!
Difícil escolher o de Mozart. Número 25 também é lindo demais. Mas em termos de inovação musical, “jeunhomme” (número 9) é meu preferido. De Brahms prefiro o número 1 ao número 2. Mas, eu escolheria um de Villa-Lobos em vez de Tchaikovsky.
Sua seleção da interpretação do concerto de Ravel é impressionantemente bela. Eu conhecia a de Argerich.
Parabéns, Frederico. No período entre Mozart e Ravel, seria mesmo difícil desqualificar uma obra destas dez. Dentre os 27 de Mozart, escolher um mostra-se inesgotavelmente polêmico. Ah, os melancólicos e celestiais adágios do n. 23 e 27 ! Optar pelo 21, porém, jamais configura injustiça. Uma lista de 15, como feita nas óperas, poderia ser mais includente com o século XX, por exemplo, um de Bartok, o de Busoni,com coro masculino, e o terceiro de Prokófiev. De qualquer forma, este “decálogo”, com as explicações de cada item, está supimpa!
Ótima lista!
Para mim o mais difícil em ter de escolher apenas um de cada compositor seria o caso de Brahms, sou apaixonado pelo primeiro e fascinado com aquela sinfonia disfarçada de concerto que é o segundo!
Porém, quanto a Mozart, seria indubitavelmente o 20 k.466. Confesso que foi minha única decepção quanto à lista.
Também pensei que Liszt devia aparecer, mas consideraria antes Totentanz que qualquer dos seus concertos, o que não encaixaria aqui (acho que renderia um bom posto sobre Liszt, o que pensam disso?).
Grande abraço!
Caro Frederico, não encontrei mais seu e-mail, a fim de pedir vênia para,novamente enxerido, acrescentar uma lista, agora com Concertos de Violino. Encorajo-me a remeter ,mesmo porque a frequência de posts caiu bastante, talvez por causa da apatia que assola o País. Caso um autor do Grupo dos Cinco prepare coisa similar, desconsidere esta intrusão.
Para curiosos, permito-me sugerir Concertos para Violino e Orquestra, em lista que obviamente será vista, ora como subjetiva, ora como unanimidade perene.
Todos os concertos encontram, no youtube, várias opções de boa interpretação.
1) MOZART: Concerto em Lá Maior K 219
2) BEETHOVEN: Concerto em Dó Maior, op 56
Aqui estão todas as virtudes do Mestre:energia sinfônica, ternura, invenção, melodia e o gênio de sempre.
3) MENDELSSOHN: Concerto em Mi Menor op 64
Um delicioso violino, no conservadorismo super equilibrado do autor.
4) MAX BRUCH: Concerto no. 1 em Sol Menor op 26.
5) BRAHMS: Concerto em Ré Menor, op 77.
6) DVORAK: Concerto em Lá menor op 53
7) TCHAIKOVSKY : Concerto em Ré Maior op 35.
Uma perfeição de virtuosismo, temas, engenho e organicidade. Foi muito conhecido no filme Rapsódia com Liz Taylor, ao lado do Piano Concerto 2 de Rachmaninov.
CD SONY interessante, junto com o op 99 de Shostakovitch (Mitropolus), traz D. Oistrakh aqui regido por Ormandy.
8) SIBELIUS: Concerto em Ré Menor op 47 (1904)
9) ALBAN BERG: Concerto à Memória de um Anjo (1935)
Homenageia a defunta Manon Gropius , filha de Alma Mahler, mas também constitui um réquiem para o compositor, que logo morreria.
10)SHOSTAKOVITCH: Concerto no. 1 em Lá Menor op 99 (1947)
Inclui um scherzo diabólico e a plangente Passacalle, uma beethoveniana marcha fúnebre.
Há um disco interessante sob a Royal Phil. regida por Ashkenazy, com Boris Belkin, junto com o delicioso Piano Concerto no.2 por Cristina Ortiz.
S E F O S S E M Q U I N ZE :
11) BARTOK: Concerto no. 2 Sz 112 (1937)
12) PROKÓFIEV: Concerto no. 2 em Sol Menor op 63
No adágio, há reminiscências do lirismo de Romeu e Julieta.
13) STRAVINSKY: Concerto em Ré Menor (1931)
Acompanha o Concerto de Berg em CD Phillips, com A. Grumiaux na Concertgebow.
14) BARBER: Concerto op 14 (1939)
O autor do célebre Adágio, com temas expansivos.
15) ALFRED SCHNITTKE: Concerto no. 4 (1984)
O judeu teuto-soviético, com sua polivalência e poliestilismo.
Bela lista, Flávio, parabéns! Pequenas correcöes: os concertos de Beethoven e Brahms säo em ré maior. E senti falta do belíssimo concerto de Korngold, tb em ré maior.
P.ex. aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=lcGEGl5bdbk
Obrigado, Monteiro, pelas correções de tonalidade. É belo, sim, o Concerto de Korngold. Talvez paire sobre este compositor um preconceito devido à sua “conversão”em autor de trilhas de filmes americanos. Isto não tirou o valor de suas criações europeias, como, por exemplo, a esplêndida ópera “O Milagre de Heliane”.
Caro Monteiro, por sua causa, hoje revisitei o Concerto de Korngold, dedicado a Heifetz. Nele sinto a boa técnica do austríaco Erich, assim como a vocação melódica, aqui insofismavelmente de sabor americano, o que nada a reduz em valor. No meu disco RCA, ele está junto com o Concerto p. Violino de M. Rozsa, (1907-1995) ,outro autor de grandiosas trilhas hollywoodianas. Por sinal, Rozsa escreveu o Concerto para piano op 31 (1966) e o Concerto p Cello op 32 (1969) , que ,em vários momentos, lembram Bartók.
Mas vou lhe propor um trabalho de Hércules: Escolha QUINZE quartetos de cordas,de 15 compositores diferentes. Sim, porque Haydn e Beethoven levariam várias palmas. Eu sou um retrógrado que não sabe colar links.
Mesmo assim, estou a pensar em 15 Oratórios, se o Fred permitir !
Bom dia, Flávio. Näo sou muito fä de listas, porque elas acabam por revelar mais sobre o listante do que os listados, e tb – como vc mesmo observou – elas deixam de fora obras importantes demais. Além disso, meus favoritos nem sempre säo as obras mais representativas do compositor em questäo.
Mas näo teria problemas em listar 15 compositores. Do período clássico aos primeiros românticos: Haydn-Mozart-Beethoven (väo inseparáveis, claro), Schubert e Mendelssohn. Do final do Romantismo: Dvorák, Grieg, Franck, Borodin e Debussy. Do séc. XX: Schönberg, Janácek, Bártok, Shostakovitch e Carter. Abs do fabio
Bom Dia, Monteiro. Fui checar minha lista de 15 “quarteteiros”. No lugar de Grieg, Franck e Carter, tenho Brahms, Villa-Lobos e Tchaikovsky. Deste último os quartetos 2 e 3 possuem adágios muito melhores do que o “representativo” no. 1.
Os demais 12 autores batem !!!! Abraço.
Concordo, as Listas podem gerar – junto aos “iniciados” – mais discórdia do que concórdia. Mesmo assim, as pessoas gostam de “Guias”, “rankings” ,ou de saber as eleições dos “conhecedores”, para encurtar caminhos, ou começar por algum conselho, o qual nem sempre vai atingir seu paladar.
Nós, os veteranos,iniciamos lá pelo bolachão de vinil, que, no campo erudito, até era lançado no Brasil, com parcimônia. Muita coisa não existia a preços acessíveis. E nos norteávamos por literatura, subjetiva como as “Listas”, o Carpeaux e outros.
Hoje , o Youtube tem quase TUDO!!!!! Penso que, se eu quisesse ora adentrar os clássicos oceanos, ficaria estonteado.
Muita gente , de Beethoven, só tem referência do final da Nona , e nem sonha que ele compôs os melhores quartetos e sonatas da História. Então, só sei que nada sei , acerca de lançar “guia para os jovens”, ou não!
Caro Flavio Morsch,
O blog é nosso, e agradecemos suas valiosas contribuições ao debate musical – assim como as do grande amigo Fábio Monteiro.
A frequência de posts sofreu uma queda, de fato. Mas existem vários artigos no forno. A vida acadêmica dos autores está bem sobrecarregada, além das demais atividades profissionais. Mas esperamos que uma nova fase tranquila se aproxime e as postagens sejam retomadas.
A sua lista de concertos para violino é muito pertinente a partir de Mozart. Porém, há produção anterior também bastante relevante… Vivaldi, Bach, Locatelli, Valentini. Vivaldi, por exemplo, pode sintetizar esse florescer do gênero com seu brilhante concerto “Grosso Mogul” em Ré maior, RV 208:
https://www.youtube.com/watch?v=GRWa17upsJM
Compreendo a ideia de Fábio sobre a questão das listas, mas, assim como aconteceu comigo e muitos, e foi bem colocado acima, iniciamos e aprofundamos nossa apreciação musical geralmente guiado por referências experientes, que nos levam a novos caminhos. Assim, as listas têm essa nobre função e se revestem de grande responsabilidade, por necessariamente possuírem a missão de abrir novos horizontes. Percebo que elas são muito bem-vindas e exercem um papel interessante na difusão da música clássica. Jamais temos a intenção de diminuir a importância do que ficou de fora, como coloquei na abertura do post, mas ajudar o início de uma caminhada.
Grande abraço!
Caro Frederico Toscano!
Agradeço a receptividade a minhas intrusões (Olha que lhes posso infligir outras!), mas só volto ao assunto por conta do “Grosso Mogul”. Por muito tempo, defendi a importância de Vivaldi, fora das 4 estações, quase como um meritório componente de Sacra Trindade com Bach e Handel.
São estupefacientes certos momentos operísticos de Vivaldi, nao apenas em virtuosismo, mas em expressão lírica, infelizmente pouco conhecidos, como ocorre com óperas de Handel.
O Concerto RV 208, Grosso Mogul ,também tira-nos o fôlego.
Em hipotéticas Listas, se a gente pusesse o “Grosso Mogul”, mil protestos surgiriam em favor das Quatro Estações, importantíssimas igualmente.
Finalmente, não querendo estender , imaginei 15 concertos – para violino e orquestra sinfônica “romântica”- pois o Barroco é uma floresta de violinos, em dúzias de autores.
Grande Abraço!
Descobri recentemente este maravilhoso blog! Obrigado e parabens a todos colunistas! Sou um ouvinte iniciante de musica classica e comecei a colecionar discos de vinil das minhas obras favoritas. O mais dificil e escolher apenas uma versao de cada obra, visto que temos tao talentosos musicos e condutores e cada versao e bem diferente uma das outras. Uma coisa que nao me permito e cair na armadilha do hype dos grandes mestres ou ainda dos “selos” das gravadoras. Procuro escutar cuidadosamente cada versao, seja no Spotfy, Youtube ou em sample’s.
Quero deixar aqui a minhas indicacoes de tres concertos para piano que possuo:
Rachmaninov Piano concerto no2 : VLADIMIR ASHKENAZY, MOSCOW PHILHARMONIC ORCHESTRA, KIRILL KONDRASHIN / DECCA .
Tchaikovsky piano concerto no1: Argerich / Abbado / Berlin Philharmonic/ Deutsche Grammophon.
Beethoven piano concerto no5: Alfred Brendel/ London Philharmonic/ Netherlands Philips.
Este ultimo eu consegui comprar no leilao do Yahoo Japao em “mint condition” pelo preco de um CD comum!
Gosto muito de música clássica mais não tenho conhecimento sobre tal assunto,tenho álbuns de Maria calmas a qual aprecio muito na minha playlist e pavarotti gostaria de saber onde em SP e quais apresentações ir… os melhores concertos ainda ativos e melhores cantores não sei se assim q se fala,meu sonho sempre foi entrar num teatro com Vestido de gala,pegar um camarote é assistir um grande espetáculo!gostaria de dicas sobre o assunto pois vejo na página do teatro municipal apenas pequenos espetáculos a preços populares vou deixar meu email para dicas de quem quiser me ajudar,desde já agradeço. Juci Campos…
E_mail: jucycampos@gmail.com
Não há como discordar. Mesmo que outros Concertos, ditos transcendentais, sejam tecnicamente mais amplos, inovadores, complexos ou de difícil execução, o que vale na música é o clamor e a almejada emoção capaz de ser transmitida e aureolada num momento de exaltação da alma. A beleza fala por si e as privilegiadas almas capazes de tanger essa língua dos anjos, hão de concordar que nada está além da emoção. É vã a busca da complicação técnica diante da beleza que surge fortuita. Nem só vale o talento ou a predisposição musical intuitiva ou cerebral, é preciso empatia e compaixão para poder externar o sentimento mais puro. Muito bom conhecer esse Blog.
Sérgio Galdino, parabéns pelas suas palavras. A música erudita não é coisa do passado, a ópera não morreu, os violinos ainda nos dizem segredos, muito além de Andre Rieu, A poesia dos clássicos resiste à floresta sertaneja. “Beleza dita transcendental fala por si e surge fortuita” .Existem, ainda e felizmente, obras complexas de difícil execução. Em meu conceito, elas nos falam, tem obrigação de nos falar, do presente, ou quiçá do futuro.
Com isso, valorizam , por exemplo, os quartetos de Haydn ,Mozart e Beethoven, os quais insistem em nos levar à “exaltação da alma “. O clássico provavelmente será clássico por séculos. Ou nao?
Concordo com o Flávio Morsch que o concerto número 2 de Prokofieff deveria estar na lista.
Nenhum dos 5 de Villa-Lobos?
Caro Roberto, sem dúvida há muitos outros belos concertos merecedores de participação nessa lista. Se eu fosse revê-la diariamente sempre mudaria a sua composição rs. Eu mesmo sinto falta de outros que me são tão especiais, como o 13 e o 22 de Mozart. Mas quis dar um panorama inicial de concertos interessantes para se conhecer. Aqui nos comentários podemos aprofundar a lista e complementar o time. Fique à vontade para trazer aqueles que considera indispensáveis. Obrigado pela colaboração!
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Sem palavras ! ! !
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Simplesmente divino, maravilhoso, um lindo e majestoso sonho acordado, incrível ! ! !
Flavio J. Morsch: O mundo mudou. As pessoas comuns, pra não dizer medíocres, estão circunscritas no seu “Vaudeville” pessoal digital e lá despejam todo o seu bom desgosto artístico. A geração que nasceu até meados dos anos 80 ainda tem 0,1% que cultua as artes. As gerações posteriores, creio que não tenham nem a centésima parte desse percentual. Muito triste.
A perfeição já foi quase alcançada e por isso será cada vez mais valorizada, mas ao que tudo indica, cada vez menos popular. Antigamente falávamos em Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Antonieta Rudge, Oriano de Almeida, Roberto Szidon, Souza Lima, Nélson Freire, Jacques Klein, Arnaldo Cohen e mais alguns. Hoje, pouco ouço falar de novos talentos. Era criança e conhecia Yehudi Menuhin, Stern, Oistrakh, Perlmann, P. Sarazate, P. Casals, Rostropovich, Czifra, Gilels, Bolet, Brailowsky, Rubinstein, W. Landovska, Willhelm Kempf, Polinni, Cicciolini, Badur Skoda, Casadesus, P. Entremont, Jose Iturbi, se forçar ainda me lembro mais alguns, mas com isso quero dizer que se um cidadão qualquer entre dez mil conhecer algum desses nomes, já é um milagre. Esse BLOG me deixa feliz.
Faltam os Concertos pra Piano do período moderno, como Shostakovich Piano Concerto No.1 e 2, Kachaturian Piano Concerto, Prokofiev Piano Concerto No.1,2,3,4, e 5,e parece que ninguém se lembra de Rachmaninoff Piano Concerto No.1 e 4.
Bom dia! Esse EXCELENTE BLOG teria muito mais brilhantismo, se não ignorasse a maravilhosa Música de Johann Sebastian Bach, que visivelmente é, aqui, quase ignorado. Lamentável que se fale de Música Clássica (ou Erudita, como queira) e se ignore, de propósito ou não, a Música do PAI DA HARMONIA. Isso não é construtivo para esse Blog, mas destrutivo. Desculpe, mas Johann Sebastian Bach não pode sofrer esse tipo de esquecimento! Enaltecer a EXCEPCIONAL MÚSICA POLIFÔNICA DE BACH NÃO DESMERECE MOZART, NEM QUALQUER UM DOS OUTROS GRANDES MESTRES! É só um lembrete.
Olá Aroldo!
Vc deve saber, o piano “de verdade” foi criado depois da morte de Bach, então um artigo sobre concertos para piano não seria exatamente o local apropriado para encontrar menções ao mestre alemão. Temos em outros cantos do blog várias páginas dedicadas à obra de Bach, como por exemplo… uma ANÁLISE COMPLETA da Paixão Segundo São Mateus! São 10 posts: só esta série já seria suficiente para enaltecer a genialidade do Johann Sebastian. Mas temos também um artigo falando dos corais luteranos e as hamonizações feitas por Bach. E já que vc falou de Mozart, temos no blog um outro artigo falando da conexão que une Bach e Mozart. E uma análise da última das Variações Goldberg. Bach também é citado quando falamos da Bachianas 5 do Villa-Lobos, no post que ensina como diferenciar o Clássico do Barroco, e no outro que explica como funciona uma fuga. Temos Bach para todos os gostos, é só uma questão de navegar pelo site.