O post do Randau sobre cinema e música tem rendido boas lembranças de mais e mais filmes no espaço dos comentários, e a conclusão não tem sido diferente da do post: uma aliança bem sucedida entre cinebiografias e compositores/músicos ainda deve frutos melhores. Em alguns casos parece que ainda mal se tentou!, como os casos ausentes de Bach, Haydn ou mesmo Wagner protagonizando filmes de maior divulgação. Pensando nisso, este post quer contribuir efetivamente com os produtores dando já um primeiro passo: elencando atores que obviamente representariam com total convicção – mesmo pra nós, ouvintes engajados e exigentes – os papéis de grandes compositores e intérpretes.
J. S. Bach & Steven Seagal
Johann Sebastian Bach e Steven Seagal
Eis uma combinação prometida ao sucesso em todos os sentidos: primeiro, quem mais adivinharia – no sentido aristotélico da “theoría”, a contemplação da essência universal em meio à amostragem dos entes individuais – que J. S. Bach estaria em Steven Seagal por paralelismo? Segundo que, autorizados mesmo por essa coincidência evidente de aparência, toda a diferença entre os dois não será mais um problema na comparação, mas uma surpresa reveladora: o que Bach transparece de qualidades metafísicas como o engenho, o intelecto e a apolineidade, Seagal transparece em qualidades bem físicas, como a força, a maestria marcial e a objetividade das ações. Eu não perderia.
Renée Fleming & Claudete Troiano
A soprano americana Renée Fleming e a apresentadora Claudete Troiano
No Brasil existe certa tradição no cinema em emprestar o universo artístico sintético dos programas de auditório empregando-se apresentadores de TV como atores. Se a falta de vocação performática do apresentador – muitas vezes sem formação pra isso, a gente entende – pode deixar tudo muito teatral e ludicamente amador, não podemos esquecer da opção de papéis apenas figurativos: já foi solução pra Mara Maravilha, então por que não seria solução, se fosse o caso, pra justificar Claudete Troiano assumindo o papel da sua sósia um dia?
Dietrich Fischer-Dieskau & Vincent D’Onofrio
O barítono Dietrich Fischer-Dieskau e o ator Vincent D’Onofrio
Essa a gente percebe mais assistindo a um vídeo de um e depois a um filme do outro: quanto mais gordinho Vincent D’Onofrio fica, mais ele se parece com o Dietrich Fischer-Dieskau. Já que D’Onofrio já atuou como um seu outro sósia, o diretor Orson Welles, pra Dietrich Fischer-Dieskau faltariam poucas calorias.
Os royalties da percepção são da Evelyn Petersen.
Walter Berry & George Clooney
Walter Berry interpretando Don Pizarro na ária “Ha! Welch ein Augenblick”, da ópera Fidélio de Beethoven
George Clooney
Essa semelhança dispensa explicações: é certo que foi mais a produção e a maquiagem no Walter Berry que lhe rendeu uma das semelhanças até então mais insuspeitas da sua vida, mas isso já dá a licença poética pra que George Clooney interprete um cantor de ópera nos cinemas. O apelo da celebridade hollywoodiana certamente garantiria a projeção do filme.
Beethoven & Harvey Keitel
Beethoven e Harvey Keitel arrumado
Beethoven e Harvey Keitel com tatuagens Ta moko
Gary Oldman, por mais caricato, bem que ficou parecido com Beethoven em Immortal Beloved. Ed Harris, pelo menos em termos de pacto ficcional com a personagem, também não ficou difícil de engolir na montagem de Copying Beethoven. Mas querem uma personificação beethoveniana de arrepiar? Contratem o Harvey Keitel. Reparem no queixo, no nariz, no formato do rosto. É bom aproveitar enquanto ele não fica muito velho e ainda pode atuar em uma cinebiografia mais abrangente.
Essa foi o Ricardo Nogueira quem percebeu.
Samuel Ramey & Seu Madruga
O baixo Samuel Ramey e o Seu Madruga, o universal Don Ramón
Essa não é só difícil de levar a sério, mas também difícil de acreditar, eu sei… Pelas fotos nem parecem tanto, e seria mais um caso de talento desperdiçado – a aparência de Ramón Valdés nunca ter sido usada em vida no papel de um cantor de ópera famoso – do que uma sugestão útil aos produtores de hoje. Mas assistindo à atuação de Samuel Ramey em qualquer montagem de Don Giovanni é fácil lembrar do Seu Madruga. Talvez mais uma evidência da influência do Seu Madruga e seu status cult na cultura ocidental.
Della Jones & Dilma Roussef
Della Jones interpretando Sextus na ária “L’angue offeso mai riposa”, da ópera Julius Caesar de Händel
Dilma Rousseff
Por fim, lembrando talvez os casos de Ronald Reagan e Arnold Schwarzenegger pra validar esta sugestão, a Dilma Roussef foi uma lembrança que eu não consegui evitar nesse vídeo da Della Jones atuando na ópera de Händel, ainda mais pela Dilma já ter tido cabelo tão parecido, como nessa foto acima! Pra ajudar a sugestão, John Neschling tem jurado que Dilma é uma grande admiradora de música clássica, o que por bem, se tudo se encaminhar pra que ela mesma seja presidente, poderia compensar seus outros conhecimentos culturais menos proporcionados.
Senão, a Della Jones que interprete a Dilma!, a exemplo de Nixon in China.
Sugestões? Comentem!
Interessante post. Semelhança maior é entre Alban Berg e Cristopher Walken.
Já que nós, os autores, conseguimos postar imagens, a gente dá uma ajudinha:
Realmente, são muito parecidos. E Alban Berg tem aquela historinha secreta envolvendo a Suíte Lírica e a Hanna Fuchs, daria um bom enredo pra filme cult.
Minha amiga Cybelle certa vez me fez perceber a semelhança entre Mahler e Daniel Day-Lewis. Olha os dois aí:
Sviastoslav Richter X John Malkovich
O mais perto que Harvey Keitel, o Beethoven do Brooklyn, chegou de um filme sobre personagens do mundo musical foi em “Taking Sides”, sobre Furtwangler, do István Szabó – o mesmo do excelente “Mephisto” – centrado nas relações perigosas que o maestro teve no período nazista. Como é baseado numa peça de teatro termina tendo alguns problemas na dinâmica, mas no geral é mediano. Eis uma cena: http://www.youtube.com/watch?v=QXeIsKX64TM.
Alban Berg – Oscar Wilde – Stephen Fry
São a mesma pessoa.
O Gary Oldman – um ator que aprecio- foi provavelmente escolhido para fazer o velho Ludwig porque ele toca piano, mesmo. Li que pensava ser concertista, e estudou piano vários anos.
Eu acho o Plácido Domingo e o Fernando Henrique Cardoso parecidos, agora que estão mais velhos… Ou não?
Vamos às imagens! Primeiro, Sviatoslav Richter e John Malkovich:
Stephen Fry e Oscar Wilde (este último devia ser irmão gêmeo do Alban Berg).
E Placido Domingo e Fernando Henrique Cardoso (a Cybelle que me mandou as imagens, obrigado!):
Obrigada Amancio!
São ou não são parecidos?
Nooossa, o Malkowitch e o Richter SÃO a mesma pessoa!
E o Stephen Fry até já fez o papel do OW numa série de TV.
Mas o Arrigo Barnabé não fez o Orson Welles num filme brasileiro?
Pois é, aquela foto do meio está ali de propósito para confundir: é o Plácido de óculos, ou o FHC de sobrancelhas escuras? Não só o eles, os outros também são muito parecidos.
rs,rs,rs
Não achei fotos em que os dois – estando ou não de óculos- olhassem na mesma direção,que aí daria para comparar legal.
Quando achei, Dom Plácido estava de barba,e aí como FHC nunca usou barba…
Kramer do Seinfeld e Luigi Dalapicola: