19abr 2017
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Sinal do futuro ou marco do passado?

Mozart em 1789

Uma curiosidade que sempre instigou os admiradores de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) é o futuro da produção do compositor, caso ele não tivesse morrido tão cedo, aos 35 anos. Fala-se num aperfeiçoamento da ópera germânica, num desenvolvimento intenso no gênero sinfônico e camerístico etc. O fato é que uma das fontes para essa reflexão pode estar, surpreendentemente, na música sacra – gênero julgado decadente no séc. XVIII.

Hoffmann: Mozart iria substituí-lo

Voltemos, então, ao último ano de vida do compositor: 1791. Pensando estar próxima a morte do mestre de capela da catedral de Viena, Leopold Hoffmann (1738-1793), Mozart se adiantou e solicitou aos hoje em dia considerados vereadores da cidade uma nomeação como seu assistente não-remunerado. Hoffmann era um compositor de razoável talento (áudio abaixo). No requerimento, Mozart enfatizou sua competência e conhecimento no que chamou de “estilo religioso”.

Hoffmann: Concerto para violoncelo em Ré maior: III. Allegro

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2012/03/Hoffmann-Cello-Concerto-in-D-major-III.-Allegro-molto.mp3|titles=Tim Hugh (Naxos)]
Catedral de Viena, onde Mozart trabalharia a partir de 1793

Mozart finalmente – e felizmente – obteve o que havia solicitado, mas, por ironia do destino, acabou falecendo dois anos antes do seu novo chefe… Essa posição traria uma situação financeira bem mais confortável ao compositor, pois lhe renderia anualmente 2.000 gulden, além de outros benefícios.

O salário de Mozart naquele momento, como compositor de câmara real imperial, era de 800 gulden por ano. Com a morte de Hoffmann, Mozart se tornaria Kapellmeister da Stephansdom e a história da música tomaria, certamente, um rumo diferente.

Robins Landon

Nesse contexto, o musicólogo americano Howard Chandler Robbins Landon (1926-2009) habilmente construiu uma hipótese muito interessante, apresentada na sua obra “1791: Mozart’s Last Year” (1990). Ele observou que o Kyrie em Ré menor (KV 341/368a), uma peça isolada com sombria e vigorosa dramaticidade, não dispunha de sua versão autografada, de forma que não seria possível estudar suas marcas d’água para se identificar os tipos de papel utilizados e definir com mais precisão a época de sua composição.

Müller e André: salvadores do Kyrie em Ré menor (KV 341/368a)

A obra se manteve conhecida por meio de uma cópia providencialmente feita pelo compositor August Eberhard Müller (1767-1817), que foi diretor musical da Thomaskirche em Leipzig, Alemanha – ou seja, sucessor de Johann Sebastian Bach (1685-1750) como Thomaskantor. Essa preciosa cópia foi publicada pelo editor Johann Anton André (1775-1842) em torno de 1825.

Segundo Robbins Landon, a catalogação do referido Kyrie como KV 341/368a se baseou apenas na similaridade entre a estrutura instrumental empregada por Mozart nesta obra (duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, quatro trompas, dois trompetes, tímpanos, órgão e cordas) e aquela que o compositor dispunha em Munique, onde passou uma temporada entre 1780 e 1781 para a composição e estréia de Idomeneo, Re di Creta, ossia Ilia ed Idamante (KV 366). Os argumentos empregados para tal classificação foram, segundo o pesquisador: (a) o fato de Mozart não dispor de clarinetes em Salzburg naquela época e (b) uma orquestra de mesmo porte ser encontrada na partitura de Idomeneo.

Primeira página do autógrafo de Idomeneo (KV 366)

Além de considerar tais critérios bastante frágeis, Robbins Landon, que acompanhou vários estudos para autenticação da referência catalográfica de obras mozartianas (como o impressionante e exaustivo caso de La Clemenza di Tito, KV 621, com cinco tipos de papel utilizados na sua composição), salientou a semelhança do KV 341/368a com o KV 626 (Requiem) quanto à mesma tonalidade principal (Ré menor).

O musicólogo concluiu, então, que Mozart planejava compor uma grande Missa solemnis em Ré menor para comemorar a sua futura posição na catedral de Viena, chegando a concluir apenas o Kyrie de tal obra. Robbins Landon evoca, como primeira referência sobre o que se trataria de um sério erro de datação no Kyrie, o trabalho do musicólogo inglês Alan Walker Tyson (1926-2000) publicado no Journal of the American Musicological Society, em 1981, sob o título “The Mozart fragments in the Mozarteum, Salzburg: a preliminary study of their chronology and their significance”.

Leopoldo II e José II: patrões de Mozart

Reforçando a hipótese de Robbins Landon, sabe-se que o cenário havia voltado a ficar positivo para a música sacra em Viena com a chegada de Leopoldo II (1747-1792) ao trono austro-húngaro em 1790, relaxando as restrições impostas pelo seu irmão José II (1741-1790), no reinado anterior, sobre esse gênero musical. José II havia proibido a execução de música sacra com orquestra nas igrejas por meio de um decreto de 1783 – que causou lamentável prejuízo na produção desse belíssimo estilo na Áustria a partir de então. Mozart escreveu apenas partes de uma missa após tal ano: a grande KV 427/417a.

Por outro lado, o decreto de José II também poderia influenciar, conforme Robbins Landon, o perfil da futura música sacra de Mozart. A esposa do compositor declarou, após a morte deste, que ele tinha idéias sobre missas cantadas e réquiens, assim como sobre peças de música sacra menores e de caráter mais popular (volkstümliche). Mozart estava, segundo Robbins Landon, estabelecendo o que considerava ser um novo estilo em música sacra. O perfil do Ave, verum corpus (KV 618) – com sua Volkstümlichkeit (“popularidade”) e na sua deliberada tentativa de ser despojado, devocional e facilmente compreendido – estaria inteiramente de acordo com essa concepção iluminista (vídeo abaixo).

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Voltando ao Kyrie em Ré menor, a hipótese de Robins Landon é corroborada pela pesquisadora Monika Holl – editora da Neue Mozart-Ausgabe (mais recente edição completa da obra mozartiana). Ela acredita ser uma composição tardia e pertencer aos últimos tempos do compositor em Viena. Cogita-se, ainda, tratar-se de um fragmento de Mozart, completado por Maximilian Stadler (17480-1833) ou pelo próprio J. A. André, mencionado acima, que também era compositor.

Daniel Heartz

Ao contrário do que parece, porém, a posição exposta sobre o Kyrie nada tem de unânime ou pacífica. Isso porque outro grande e respeitado estudioso mozartiano, Daniel Heartz, professor emérito da Universidade da Califórnia (Berkeley), contesta tudo o que foi colocado e mantém o KV 341/368a no período mozartiano de Munique, no início de 1781.

Karl Theodor: grande mecenas de Mozart

Na sua obra-chave “Haydn, Mozart and the Viennese School: 1740-1780” (1995), uma verdadeira bíblia do Classicismo, Heartz apresenta fortes argumentos na defesa da sua hipótese.

Inicialmente ele busca assegurar que Mozart tinha especial intenção de impressionar o príncipe-eleitor da Bavária, Karl Theodor (1724-1799), como talentoso compositor de música sacra (além de sua habilidade já consagrada para a ópera), levando consigo na viagem duas de suas missas mais recentes (KV 317 e KV 337). Mozart conhecia o príncipe de outra viagem a Munique e pretendia, segundo alguns autores, escrever uma Missa solemnis para o príncipe-eleitor, cujo Kyrie seria, justamente, o que ficou catalogado como KV 341/368a. Como a expectativa de Mozart em ser contratado não se concretizou por problemas políticos, o projeto da missa foi abortado.

Orquestra de Mannheim: a Berliner Philharmoniker do séc. XVIII

Heartz defende que há razão suficiente para se situar a composição do Kyrie em Ré menor no período logo após a première de Idomeneo em Munique – aliás, é esse posicionamento que ampara a revisão da numeração (KV) da obra na sexta edição do catálogo Köchel (de natureza cronológica), saindo do 341 inicial para o 368a atual, logo após Idomeneo (KV 366) e seu balé (KV 367). O pesquisador confirma que o autógrafo da obra está perdido, mas garante que tudo leva a crer que a peça foi composta para a respeitada Orquestra de Mannheim, que inspirou a mais desafiadora escrita orquestral de Mozart para uma ópera sua.

Segundo Heartz, a orquestração do Kyrie exclui qualquer outra destinação geográfica para a obra – e, seguramente, elimina sua execução em Salzburg naquela época, pois não previa trombones, diferentemente dos trabalhos compostos para a cidade natal de Mozart. A peça exigia um amplo complemento de sopros em pares, incluindo clarinetes em Lá, trompas em Fá, trompas em Ré, trompetes em Ré, e tímpanos.

Dois números em Ré menor de Idomeneo também exigem duas trompas em Fá e duas em Ré: a primeira ária de Elettra e o coro no final do segundo ato. Na sua exposição, Heartz destaca o final da abertura de Idomeneo (que foi a última parte composta antes da première), apontando um determinado motivo com o qual afirma ter o compositor iniciado o Kyrie em Ré menor (comparação nos áudios abaixo).

Mozart: Idomeneo (KV 366): Abertura (Final)

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Mozart: Kyrie em Ré menor (KV 341/368a): Andante maestoso (Início)

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A importância das dinâmicas em ambos os exemplos, segundo Heartz, não pode ser desconsiderada, pois representam uma das principais características que fizeram a fama dos músicos de Mannheim. No KV 341/368a, o coro entra cantando “Kyrie” em ritmo pontuado e homofonicamente. Nessa passagem e ao longo de toda a peça, a orquestra é independente e suficiente em si mesma, funcionando como portadora do discurso musical.

Hertz lembra que, antes de compor a abertura de Idomeneo, Mozart havia preparado o balé final da ópera (KV 367). Sua poderosa seção em Ré menor, chamada “La Chaconne, qui reprend” (áudio abaixo), é destacada pela especial afinidade com o Kyrie – o qual precisaria apenas ser acelerado de Andante para Allegro para passar a soar como uma dança, segundo o musicólogo. Na verdade, a peça apresenta várias amostras típicas de chaconne em termos rítmicos.

Mozart: Balé para Idomeneo (KV 367): La Chaconne, qui reprend

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Diante do exposto, Heartz firma a sua posição: “se similaridades em conteúdo e estilo musical contam para algo, conclui-se que o Kyrie em Ré menor foi, de fato, escrito para Munique no início de 1781”. Ele conclui sua análise esclarecendo que, após o golpe na música sacra provocado pelo decreto de José II, Mozart somente foi tratar desse gênero em 1788 (cinco anos depois de trabalhar na sua Grande Missa em Dó menor, KV 427/417a), provavelmente com a visão de assegurar uma posição na catedral de Viena ou alguma outra igreja – tentando superar sua crise financeira. Existe, de fato, uma carta do compositor à sua irmã do dia 2 de agosto de 1788, solicitando o envio do material de duas missas e de graduais do seu amigo Johann Michael Haydn (1737-1806) – que inspirou Mozart no seu Requiem (KV 626), como comentado em post anterior.

Otto Jahn: pedra angular para os estudos mozartianos

Esse renascimento do interesse de Mozart pelo estilo sacro deu lastro a uma nova hipótese: o Kyrie em Ré menor teria sido resgatado dos tempos de Idomeneo e reescrito no final da década de 1780. Ao propor isso, Tyson na obra “Mozart: Studies of the Autograph Scores” (1990) informa que “é possível que o poderoso Kyrie KV 341/368a também pertença a este período [ca. 1788], mas o autógrafo está perdido. Todas as edições do Köchel têm seguido Otto Jahn [1813-1869] em situá-lo no período de Mozart em Munique, de novembro de 1780 a março de 1781, mas há pouco a dizer em favor disso”.

Foram apresentadas aqui as duas hipóteses principais sobre um fascinante mistério envolvendo uma pequena obra-prima. A motivação em compartilhar o case do KV 341/368a se deve ao papel potencialmente simbólico dessa peça num quebra-cabeça que poderia estar começando a ser montado e que seria revelado em breve, caso Mozart não tivesse partido tão cedo. Este é o cenário da primeira hipótese. Por outro lado, como se observou, a importância desse trabalho pode se restringir a um momento pontual da evolução do estilo mozartiano, situado há 10 anos de sua morte e cerca de 300 trabalhos antes de sua última composição, o Requiem.

Robbins Landon elege o Kyrie em Ré menor como objeto de estudo para se identificar tendências da futura produção mozartiana; Heartz associa tal composição a outros trabalhos contemporâneos com recursos musicais em comum. O fato é que a obra impressiona tanto quando inserida na primeira visão, quanto na segunda. Sendo ela de 1781, Mozart estaria inovando ao experimentar uma estrutura absolutamente nova em sua música sacra. Colocando-a como fruto de 1791, Mozart parecia disposto a investir essencialmente, a partir de então, na tonalidade menor (associada ao escuro, à tristeza e ao pesar) para a música sacra de grande porte.

Eis, a seguir, o vídeo integral do KV 341/368a, cuja classificação catalográfica pode ser revisada (com aumento da numeração), quando, algum dia, for localizado o seu autógrafo perdido – o que esperamos acontecer em breve…

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Este post tem 15 comentários.

15 respostas para “Sinal do futuro ou marco do passado?”

  1. Mozart é um gênio, suas peças são maravilhosas e esse artigo é muito bom, é muito interessante ler esses artigos e saber um pouco mais da história desses compositores, geniais…… :)

    Parabéns pelo post

  2. Só pra registrar que fiquei bem surpreso com o quanto este tema da especulação do que Mozart poderia fazer caso vivesse mais pôde render uma abordagem consistente. Eu também sempre pensava no desenvolvimento da ópera propriamente alemã, essa nova possibilidade na música sacra – tão inesperada – eu ainda ignorava. O post do Randau sobre o oratório “Christus” do Liszt fala um pouco do que de fato aconteceu com a música sacra no século XIX.

  3. Vocês poderiam fazer um post para os iniciantes que queiram aprender a apreciar a musica erudita, talvez comentando os termos “técnicos” mais utilizados?

    Percebo que seus artigos são de alto nível, mas pouco consigo entender. Por isso a ideia do post para iniciantes.

  4. Rene,

    Fique tranquilo que também nos dividimos com essa preocupação. Experimente as categorias no menu à direita de “Teoria da música” e depois “Análise de obra”, que elas devem oferecer um material mais propriamente didático.

    E fique sempre à vontade pra expor qualquer dúvida no campo dos comentários, eles também servem pra isso!

  5. Eu achei interessante o comentário do Rene V. Nunes, acho uma boa idéia. :)

    Se Mozart tivesse assumido aquele posto na igreja, teria sido bem melhor para ele acho eu, nada mais ideal para alguém com a mente brilhante dele e mesmo assim acho pouco para ele, porém, naquela época, Mozart não era tão famoso como é hoje acho eu, caso contrário, teria um posto muito maior e estaria nadando na fortuna….. :)

  6. Oi, Heber!
    Mozart ficou muito feliz com a aprovação do nome dele para trabalhar na catedral, mas, ao mesmo tempo, muito triste, porque se via cada vez mais doente e achava que ia morrer em breve. Ele dizia: “Logo agora que eu iria dar uma vida confortável a você, minha esposa, e aos meus pobres filhos, terei que morrer”.
    Mozart tinha uma razoável fama internacional, tanto que havia recebido convites nos últimos anos para trabalhar em outros países. Suas óperas eram executadas em vários teatros da Europa. Um empresário inglês (Salomon) foi a Viena contratar Haydn e Mozart para uma temporada no seu país, mas somente o primeiro foi, porque Mozart alegava compromissos inadiáveis (e ficou para ir depois).
    Certamente Mozart merecia as melhores posições musicais porque tinha extrema competência em todos os gêneros, mas isso num mundo ideal… No mundo real, a questão política era muito forte nesse meio. Talento não era o mais importante. Mozart já havia chegado numa Viena dominada por Salieri e companhia. As intrigas, mentiras e boatos eram facilmente criados e espalhados. Mozart não tinha muita habilidade política. Por isso tudo, eu já acho impressionante ele ter ocupado o cargo que era de Gluck. O próprio gosto do público estava mais direcionado a compositores menos “complexos”. Os editores reclamavam da dificuldade das obras de Mozart, que não vendiam tanto etc. Não era nada fácil se projetar em meio a tantas barreiras mesquinhas. Mesmo assim, ele fez muito, não? ;)
    Abraços!

  7. Obrigado por postar sobre uma obra tão bela e tão pouco conhecida, mesmo entre os mozartianos. Pena que a “versão integral” regida por Umberto Benedetti Michelangeli (será certamente parente de Arturo B.M.) não é tão integral assim, uma vez que se escuta apenas a partir do nono compasso.

    Aliás, no You Tube há mais 3-4 versões da obra, em tempos mais movidos, o que dá margem a interessantes comparações.

    Uma pequena correção: “Volkstümlichkeit” não significa exatamente popularidade, mas antes um “caráter (ou aparência) popular”. Ou seja, Mozart queria que a música em questão soasse familiar como uma canção conhecida, mesmo (ainda) não o sendo. Abs.

  8. Caro Monteiro, obrigado pelas observações pertinentes. É muito gratificante constatar que contamos com leitores atentos e dispostos a colaborar com a qualidade da informação postada.

    De fato, o vídeo do KV 341/368a não é absolutamente integral, embora apresente toda a parte cantada. Ao menos sua introdução já havia sido exibida em áudio mais acima, na comparação com a abertura de Idomeneo. De qualquer forma, foi o vídeo de melhor qualidade que localizei disponível para colocar no post, mesmo sabendo dessa pequena supressão inicial.

    Tentei usar uma única palavra na língua portuguesa (o que não é suficiente, muitas vezes) para traduzir “Volkstümlichkeit” e achei que “popularidade” seria a melhor. No Michaelis, o primeiro significado é justamente “sf (popular+i+dade) 1 Qualidade ou caráter do que é popular”.

    Abraços mozartianos!

  9. Mozart sabia o que estava fazendo, isso é certo, mas, se ele tivesse ido com aquele empresário, que viu em suas obras oque muitos não viam, sua vida teria melhorado, mas ele sabeia o que estava fazendo, o importante, é que ele era um homem realizado na vida, famoso e mesmo depois de morto, colaborou muito para o mundo da musica, um gênio assim só aparece de 1000 em 1000 anos…rs :)

  10. Valeu pelo post Fred, foi esclarecedor. Algumas pessoas associam o declínio da produção de obras sacras no período vienense à dedicação de Mozart à maçonaria, mas a sua pesquisa parece demonstrar que isso não tem nada a ver.

  11. Interessante a teoria de que este Kyrie foi completado pelo abade Stadler ou por J.A. de Offenbach. De fato, se Mozart completou este Kyrie sem esboçar nenhum outro movimento, ele com toda probabilidade estava compondo apenas este movimento e não uma missa. Digo isso por causa da técnica composicional de Mozart, que escrevia vários movimentos ao mesmo tempo e deixava algumas seções da orquestra para colocar somente no final.

  12. Olá, Tiago!
    É possível que ele desejasse, sim, compor apenas um Kyrie, mas não seria a hipótese mais provável… Vemos que os renomados pesquisadores mozartianos, apesar de divergirem na datação da peça, acreditam que ela faria parte de uma missa. Mozart podia também ter pensado em esboçar os movimentos da suposta missa, mas não passou da primeira parte (Kyrie) – caso esse tenha realmente ficado como fragmento… Casualmente, ele teria decidido começar a compor pela primeira parte, mas poderia ter iniciado por outras, como aconteceu com o KV 166e (Osanna), deixado em fragmento (material de estudo). Sabemos que existem outros Kyries isolados de Mozart. Tomemos o caso do KV 322/296a, por exemplo. Esse é indicado oficialmente como composição de Mannheim no ano de 1778, mas foi supostamente deixado como fragmento. Apenas os primeiros 22 compassos seriam de Mozart… Pesquisa recente de Holl (citada no post), porém, indica que teria sido uma obra executada numa igreja de Munique em 1779. Por outro lado, Rudolph Angermüller, da Universidade de Salzburg, anunciou a descoberta em 1996 do original de um Sanctus (KV 296c) cujo tipo de papel foi usado por Mozart apenas em Paris, Mannheim e Munique. Ele aposta que esse Sanctus tem conexão com o KV 322/296a… São muitos quebra-cabeças! :) Poderíamos levantar vários casos como esse…
    Abraços mozartianos!

  13. É comovedor a grandeza daquilo que poderia ter sido mais alguns anos da vida de Mozart (como se já não houvesse nenhuma grandeza neste homem, rs), meu músico favorito.

    Parabéns pelo post, a joia que é este Kyrie deve ser muuuuito mais conhecida!

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