19abr 2017
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Mahler: Décima Sinfonia – Parte II

No primeiro post detalhamos um pouco a gênese da sinfonia, e em que ponto Mahler a deixou. Aqui vamos entender a história de como a sinfonia renasceu “por acidente” nas mãos de Deryck Cooke.

A história da Décima: de 1911 a 1960
Após a morte do compositor, a viúva Alma Mahler guardou os manuscritos a sete chaves, como uma espécie de tesouro pessoal. É fácil de imaginar alguns dos seus motivos: a partitura trazia desabafos muito íntimos e mensagens pessoais de Mahler para a esposa; divulgá-las seria como divulgar a intimidade do casal. Alguns exemplos destas mensagens:

– No Purgatorio: Oh Deus, por que me abandonastes? … Seja feita a Vossa vontade.
– No Scherzo II: O Diabo dança isto comigo.
– Ao final do Scherzo II: Só você sabe o que isto significa. Ah! Ah! Deus! Adeus minha lira! Adeus! Adeus! Adeus!
– Na última página do Finale: Por você viver! por você morrer! Almschi.

Oscar Kokoschka: A Noiva do Vento

Sem o marido, Alma foi viver sua vida tentando deixar Mahler para trás. Entre os anos 1912 e 1914, Alma teve uma relação conturbada com o pintor Oskar Kokoschka, a quem serviu de inspiração para algumas de suas obras. Ela largou Kokoschka para voltar com Walter Gropius, com quem casou em 1915 e teve uma filha, Manon, em 1916. (O Concerto para violino de Alban Berg conta a história trágica de Manon Gropius, mas isto é assunto para oooutro post). A partir de 1917 Alma se envolve com Franz Werfel; separa-se de Gropius em 1919 mas só vai oficializar sua relação com Werfel em 1929, mudando seu nome para Alma Mahler-Werfel.

A atenção da viúva para a Décima Sinfonia só retorna no início da década de 20, quando alguns fãs resolvem montar um festival com obras de Mahler. Em 1922, Alma solicitou ao namorado (e depois marido) da filha Anna, o compositor Ernst Krenek, para completar a obra. No meio daqueles rabiscos Krenek fez o que pôde: uma fair copy do Adagio e outra do Purgatório, porém o segundo movimento estava, nas palavras dele, “remendado demais” para se conseguir alguma coisa. Alban Berg até fez uma revisão e sugeriu correções, mas elas não foram feitas; as alterações que foram mesmo incorporadas foram as de Franz Schalk e Alexander von Zemlinsky, que fizeram a estréia dos dois movimentos em Viena e Praga em 1924. Bruno Walter e depois Leonard Bernstein se opuseram à execução da obra completa devido à execução fora de contexto do Purgatório; imagine só, seria como conhecer a Quinta Sinfonia executando apenas a Marcha Fúnebre e o Adagietto em seguida…

Esta versão de Krenek-Schalk-Zemlinsky foi publicada em 1951 e está cheia de erros e adições com relação ao original de Mahler. Felizmente a versão de Krenek foi corrigida posteriormente, em 1964, por Erwin Ratz; é esta a versão normalmente usada para gravações apenas do Adagio.

Em 1924 um grande acontecimento: os manuscritos foram publicados em fac-simile por Paul Zsolnay, porém (não se sabe bem o porquê) apenas 116 das 165 páginas constavam na publicação. Ficaram faltando várias páginas de esboços preliminares.

Gustav Mahler, por Auguste Rodin

Com a subida do Terceiro Reich ao poder em 1933, a música de Mahler, que já era pouco tocada, acabou banida por completo da Alemanha por 12 anos, e da Áustria por 9. O nazi-fascismo também fez muitos compositores e musicólogos europeus migrarem para os Estados Unidos, e é por isso que nossa história acaba indo para lá. Pois em 1941, um artigo do austríaco Friedrich Block é publicado nos Estados Unidos defendendo a Décima Sinfonia. Mais: o artigo revela que o autor havia feito uma versão da sinfonia para piano a 4 mãos a partir da publicação de Paul Zsolnay, e que, sim, era possível “realizar” a sinfonia.

O artigo foi inspirador para muitas pessoas, entre elas o mahleriano Jack Diether. Ele escreveu para Dmitri Shostakovich convidando-o para completar a sinfonia, porém em 1943 recebeu a seguinte resposta:

Apesar do meu amor por este compositor, eu não posso assumir esta gigantesca tarefa. Isto requer uma profunda penetração no universo espiritual do compositor, bem como em seu estilo criativo e individual. Para mim isto seria impossível.

Diether não se abateu: em 1949, ele e Alma visitaram Arnold Schoenberg em Beverly Hills com os manuscritos embaixo do braço, mas o compositor também recusou. Ninguém pode completá-la sem estar perto do além, disse ele, referindo-se à tal “maldição da nona”.

É assim que o trabalho acabou nas mãos de musicólogos e fãs de Mahler. O que em certa parte foi uma bênção, pois compositores “profissionais” teriam completado a sinfonia imprimindo nela seu próprio estilo de composição. Já os musicólogos tentaram preservar o máximo de Mahler que existia nos rascunhos, imitando o estilo mahleriano quando necessário.

A versão de Deryck Cooke
Em 1959, o musicólogo Deryck Cooke (1919-1976) foi convidado pela BBC para preparar os programas para o festival do Centenário Mahler, que aconteceria no ano seguinte. A ideia da BBC era transmitir via rádio todas as obras do compositor com comentários de um profissional. Cooke não teve nenhum problema com as nove primeiras sinfonias, mas quando chegou no Adagio da Décima, ele se perguntou: como deveriam ser os outros movimentos? Não seria interessante apresentar trechos deles, ao invés de apresentar somente o Adagio?

Foi assim que ele decidiu criar uma fair copy dos manuscritos, com a intenção apenas de fazer a orquestra tocar os trechos que fossem possíveis de serem tocados. Aos poucos ele percebeu que a sinfonia estava toda lá, completa; só faltava mesmo alguém se dedicar a entender aquelas páginas confusas. Em um ano, ele conseguiu preparar 69 dos 75 minutos da sinfonia. O resultado de seu trabalho foi ao ar dia 19 de dezembro de 1960; foi a primeira vez que o mundo pôde ouvir a Décima Sinfonia de Mahler, mesmo que com algumas interrupções.

Antes da execução da sinfonia, Cooke falou sobre seu trabalho, ilustrando com a orquestra trechos para melhor compreensão (e também para justificar que ele não havia “completado” a sinfonia mas sim preparado uma “versão de performance”). Seguem abaixo alguns trechos importantes da palestra:

Harmonias e Texturas
Logo no início do Scherzo I, Mahler prepara um crescendo com um climax ao final. Eis o trecho como Mahler escreveu.

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-S1a.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Trecho original do Scherzo I (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Diz Cooke: É óbvio que, um pouco antes do clímax, Mahler escreveu apenas as linhas principais de contraponto e deixou a harmonia para ser preenchida depois. Seguindo a dica de um compasso com acordes nas trompas, eu adicionei algumas harmonias básicas às trompas e trombones, o que fez com que o clímax atingisse o seu efeito sem deturpar as ideias essenciais de Mahler. Assim, com as madeiras dobrando as cordas, e percussão essencial, a passagem fica assim:

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-S1b.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Trecho do Scherzo I versão Cooke 0 (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Preenchimento de contratemas faltantes
O Trio do Scherzo II retorna algumas vezes. Esta aparição aqui está completa, com tema, baixo e contratema:

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-S2a.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Trio do Scherzo II (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Mas nesta reaparição aqui, Mahler anotou apenas a melodia principal e o baixo por alguns compassos, ouça:

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-S2b.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Reapresentação original do trio do Scherzo II (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Diz Cooke: Aqui, Mahler obviamente reapresentaria a passagem que ouvimos antes, sem dúvida com o contratema e o ritmo de valsa. Mas a melodia de valsa está ligeiramente alterada, assim eu tive de alterar um pouco tanto o contratema quanto a harmonia, para que coubesse no novo contexto.

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-S2c.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Reapresentação do trio do Scherzo II versão Cooke 0 (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Harmonias e Orquestração
Num trecho do finale, Mahler deixou anotados a melodia, o contratema, mas apenas a primeira nota do baixo. Ouça aqui o tema, o contratema, e o trecho como Mahler escreveu:

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-F1a.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Tema original do Allegro do Finale (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Diz Cooke: Não é difícil imaginar a harmonia faltante. Como num outro trecho similar na Sexta Sinfonia, Mahler provavelmente teria usado dois acordes básicos numa progressão lógica.

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-F1b.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Tema do Allegro do Finale com harmonia (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Continuando: Mas o contexto, e Mahler marca aqui fortissimo, sugere toda a força orquestral em seu estilo característico. Violinos e madeiras no tema superior, trompas e trompetes no inferior, e trombones e cordas graves na harmonia.

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-F1c.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Tema do Allegro do Finale versão Cooke 0 (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Orquestração
Mais para o fim do finale, há um trecho sem nenhuma dica de instrumentação. Se fosse inteiramente em cordas, fazendo os violoncelos sustentarem a harmonia, ficaria algo assim:

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-F2a.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Trecho original do Finale com harmonia (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Diz Cooke: Mas isto é na música para cordas. A linha melódica do baixo é muito grave para os violoncelos, e os contrabaixos sozinhos não dão conta do recado. Além disso, as cordas devem entrar ao final do trecho do exemplo. Que instrumentos Mahler tinha em mente? Este compasso em particular [e aqui ele toca um compasso ao piano] trouxe à minha mente a música de Wagner para trompas e tubas no Anel dos Nibelungos. E a oitava baixa sustentada é do tipo normalmente escrito para 2ª e 4ª trompas. Além disso, a tuba é o único instrumento que consegue articular claramente a melodia grave. E as duas partes de cima formam um diálogo típico entre 1ª e 3ª trompa. Assim a passagem se orquestrou sozinha para 4 trompas e tuba, com o clarinete fazendo uma outra parte nos compassos iniciais. E o que a primeira vista pareceu uma passagem insignificante, ganhou uma vida nobre na sua verdadeira sonoridade metálica.

[audio:http://euterpe.blog.br/wp-content/uploads/2011/05/BBC-F2b.mp3|titles=Mahler: Sinfonia n.10 – Trecho do Finale versão Cooke 0 (Berthold Goldschmidt – Philharmonia Orchestra 1960)]

Veto e autorização de Alma Mahler
Após a apresentação do programa da BBC, Cooke foi bastante incentivado a terminar sua “versão de performance”. Enquanto Cooke trabalhava na sinfonia, a BBC escreveu à viúva do compositor pedindo uma “autorização” para transmitir as demais performances, mas ela, provavelmente influenciada pela opinião de Bruno Walter, respondeu vetando qualquer tipo de transmissão ou mesmo tentativa de completar a sinfonia. É importante observar que nenhum dos dois havia ouvido o programa antes.

Alma lendo uma partitura do Gustav

Foi aí que uma equipe de mahlerianos fez uma visita a Alma em Nova York, em abril de 1963, munidos de um tape com a transmissão original da BBC. Após alguma discussão, o grupo enfim convenceu-a a, pelo menos, ouvir a gravação da sinfonia acompanhando-a tanto pelos esboços quanto pela partitura preparada por Cooke. Ela ouviu duas vezes e, com a música levando-a às lágrimas, confessou que não havia percebido “o quanto de Mahler estava ali”. Dias depois, Cooke recebeu uma amável carta autorizando-o a publicar a partitura e permitindo a transmissão.

Cooke versões 1, 2 e 3
Em 13 de agosto de 1964, Berthold Goldschmidt, à frente da London Symphony Orchestra, estreiou a primeira versão completa da sinfonia, sem as interrupções da versão anterior. Logo depois Eugene Ormandy fez a primeira gravação em LP.

No mesmo ano, meses antes de falecer, Alma pediu ajuda para organizar as páginas dos manuscritos, pois as mesmas estavam misturadas com as cópias de Paul Zsolnay. Foi aí que descobriram a existência das outras 44 páginas de esboços, que depois viriam a ser publicadas por Walter Ricke (edição de Erwin Ratz) em 1967. O conteúdo destas páginas adicionais permitiria o esclarecimento de dúvidas em vários trechos da sinfonia. Cooke, com a ajuda dos jovens Colin e David Matthews, revisou sua versão entre 1966 e 1972 com as informações obtidas nas páginas recém-encontradas e publicou sua “versão 2” em 1976. Uma “versão 3” foi publicada em 1989, e contém apenas revisões menores, tais como erros de leitura, pequenas mudanças de orquestração e considerações sobre performance.

No próximo post vamos falar um pouco mais sobre as outras versões existentes, quais as diferenças entre elas e a relação atualizada de gravações comerciais. Até mais!

Este post pertence à série:
1. Mahler: Décima Sinfonia – Parte I
2. Mahler: Décima Sinfonia – Parte II
3. Mahler: Décima Sinfonia – Parte III
4. Mahler: Décima Sinfonia – Parte IV

Este post tem 26 comentários.

26 respostas para “Mahler: Décima Sinfonia – Parte II”

  1. Essa história é complexa e em cada canto se vê alguém comentando de uma ou outra figura que mexeu nesses manuscritos. Tê-la condensada aqui, ilustrando a importância do trabalho do Cooke desde que ele teve contato pela primeira vez com a Décima, é uma bela introdução ao assunto! Também vou aguardar ansioso pela continuação.

    Go, Amancio! Go!

  2. É tão excitante imaginar que Mahler chegou a conceber toda a Décima sinfonia por completo, mas que somente não teve tempo suficiente para transcrever as partituras, com os short score e draft orquestrais… Ao contrário do que aconteceu com o finale da Nona de Bruckner, que infeliz e tragicamente não passaram de Sketches deixados pelo velhinho de Viena. Pois este, sempre que compunha uma sinfonia, já de antemão concebera ela toda na cabeça. Se ele tivesse uns poucos meses a mais de vida, saberíamos como aquela sinfonia dedicada ao amado Deus teria terminado. Musicólogos ali tiveram que criar melodias para completar seu finale.

    Já aqui com Mahler não! A história é diferente!! A essência de todo o trabalho estava consolidada, até a sequência de acordes e melodias estava no papel. Bastava completar suas idéias, usando toda técnica de harmonia e contraponto, que qualquer musicólogo competente, como Deryck Cooke, conhecia do estilo de composição de Mahler.

    Não é maravilhoso e misericordioso saber que existe uma Décima de Mahler??

  3. O que o falecido Gropius disse a Mahler no purgatório?

    -Eu vou para o inferno, mas a sua Alma é minha!

  4. Acho que se Mahler tivesse terminado a sinfonia 10, poderia não ficar tão boa quanto a versão de Cooke…afinal o cara se debruçou por 40 anos a resolver isso! E fez direitinho como manda o figurino, aliás em paralelo com outros milhares de musicólogos que também foram bem sucedidos…
    Isso me consola um pouco e tira qualquer preconceito reminiscente contra essa sinfonia..

  5. A cópia-pastiche ficar melhor do que o original? Duvido muito…
    Cooke trabalhou 17 anos (ele morreu em 1976) em sua versão, respeitando o conteúdo do manuscrito o quanto pôde. Mahler teria ido muito além disso, afinal, a obra era dele. Com certeza ele teria corrigido os grandes erros estruturais da sinfonia (unidade temática e tonal, proporção das seções, etc); esse tipo de coisa Cooke (de propósito) nem passou perto.

  6. Amâncio, você poderia apontar exemplos sonoros de trechos que apresentam falha na unidade temática e tonal, mesmo com versões corrigidas? É que aquele finale me parece tão limpo, faz referência explícita ao primeiro movimento, ao terceiro e ao quarto, perto da dissonância…me parece tão bem estruturada!

    Obrigado, e estou ansioso pelos próximos posts!

  7. Augusto, pretendo detalhar algumas destas questões no 4º post da série, quando farei a análise da obra. Mas posso te adiantar algumas coisas pra vc ficar pensando.

    Temos um primeiro movimento em Fá# e um segundo mov que começa flertando em Fá# menor e vai terminar em Fá # Maior. Parece ok, não? O Purgatorio é em Si b menor; pode parecer estranho, mas se pensarmos como Lá # menor, ainda está dentro do plano tonal de Fá#. Mas o Scherzo II já é em Mi menor, finaliza em Ré menor (que é a tonalidade do início do Finale), e só lá na frente é que a coisa retorna para Fá # Maior. Pela evolução dos esboços a gente vê Mahler bastante preocupado em organizar essa bagunça tonal. Por exemplo, o final original do último movimento era Si b Maior, em linha com o Purgatorio (já que os dois movimentos foram escritos meio juntos); só depois Mahler reescreveu o final para terminar em Fá #. Partes do Scherzo II foram reescritos como se Mahler estivesse “fugindo” do plano tonal de Mi menor, transferindo trechos em Mi Maior para Lá Maior, e Mi menor para Ré menor. Lá no Scherzo I, o contrário: trechos em Fá # Maior são transpostos para Fá (a relativa de Ré menor), e outro trecho em Sol b Maior foi reescrito em Ré Maior.

    Pela numeração das páginas, também podemos imaginar que Mahler estava trabalhando no tamanho das seções internas de cada movimento. Por exemplo, no Scherzo I, as páginas são numeradas assim: Ia, Ib, II, III, IV, V, VIa, VIb, VIc, VII, VIII e Einlage zu VIII (inserir em VIII). A página Ib contém o pequeno “desenvolvimento” que se segue após a apresentação do tema principal do Scherzo. Já as páginas VIb e VIc contém a segunda aparição do Trio, e o Einlage zu VIII é a última reaparição do Trio, aquela parte lenta com trompete solo em destaque antes da Coda.

    Vc falou do Finale, há um caso bem curioso lá que, se eu fosse detalhar, já daria um post completo com uma baita discussão. Em resumo, o Finale é um conjunto de 6 páginas duplas, numeradas 1, 2-3, 4-5, 6-7, 9-10 e 8-9, e mais 4 páginas simples numeradas 8, 6, “5 1/2” e uma sem número. A página 8 simples é a modulação para o final em Fá #, escrito na página dupla 9-10 (a original 8-9 contém o mesmo final em Si bemol). Mas o trecho da página 6, bem, é exatamente o final da parte lenta que antecede a retomada do Allegro e a dissonância que vem em seguida. Na página 6 “oficial” há 40 compassos removidos, contendo citações do início do finale, aquela parte mais alegre do Scherzo II (o trecho em Lá Maior), e o retorno da parte lenta. A tal página “5 1/2” também é do mesmo trecho, com uma provável continuação de 39 compassos que acabou sendo descartada. Ao que parece, Mahler estava preocupado que a dissonância viesse tão “de repente”, sem uma devida preparação. O mesmo trecho no Adagio também precisou de umas duas páginas de esboços descartados até se chegar na forma definitiva, e se vc comparar os dois trechos, no Adagio a dissonância não aparece tão de surpresa, a coisa lá parece bem melhor resolvida.

    Desculpe por ser tão sucinto, eu pretendo me alongar mais no meu último post. Lá eu vou contar com exemplos sonoros (e gráficos) para mostrar alguns problemas de acabamento que, acredito eu, jamais poderão ser resolvidos.

  8. Nossa Amâncio… Fiquei até chateado hahaha… desapontado…pensando sobre essa bagunça de tonalidades e que dava pra Mahler dar um jeito, vivendo um tiquinho mais só…

    É a mesma sensação de que eu teria se Beethoven morresse antes do finale da Nona, e que sobrassem apenas esboços…Imagina só aquele poder todo de construção musical, sem um finale…Aguçando nossa curiosidade só com os 2 primeiros movimentos geniais completos… Trágico não??

    Estou ansiosíssimo com os posts 3 e 4.

    Amâncio, gostaria de lhe dar meus parabéns e agradecer pela iniciativa desses posts magníficos, trazendo cultura e informação num mundo que desconhece a verdadeira e boa música erudita, ainda mais sobre esse artista e pessoa incrível que foi Mahler, o maior herdeiro de Beethoven, que merecia que sua sinfonia ‘Ressureição’ fosse tão conhecida e aclamada quanto a Nona do surdo de Bonn. Você não faz idéia de como eu amo esse compositor, e o quanto que gosto da história acerca dele. Acredito que se Beethoven pensou no futuro quando abriu as portas do romantismo, ele imaginava que haveria sucessores que seguiriam sua proposta, sucessores verdadeiros e gênios como Brahms, Bruckner, Mahler e Shostakovich, no gênero sinfônico.

  9. “O destino é obra dos deuses; se eles fiaram a ruína dos homens, foi para proporcionar poemas à posteridade” Homero.

    Belíssimo trabalho, Amancio.

  10. Concordo Emerson, e a morte é um destino que Mahler narrou em primeira pessoa em suas sinfonias, ensaiando uma despedida nas 5, 6 e 7, dizendo seu adeus de fato nas 9 e ‘Das Lied von der Erde’, e morrendo na 10.

    Gente, o final da décima é o maior golpe de arte, a maior poesia mahleriana: a é sua própria morte!!! a Morte é a sua décima!

  11. Fico pensando…Será que dá para fazer analogias, com a 10º, de como ele procedeu na sinfonia 6º, por exemplo, do esboço e short score até o draft orquestral, tentando colocar tudo num plano tonal só? E assim tentarmos supor como ele procederia, para botar ordem na bagunça tonal da décima…Bom até a terceira sinfonia apresenta “certas falhas”, quanto à unidade tonal…

    Trocando em miúdos, é conhecido seu procedimento nas suas outras 9 sinfonias…Ele chegou a fazer os shorts score com bagunças tonais, até ele rever nas outras etapas de orquestração? ou foi mais direto, e anotou tudo já planejando a orquestração, tendo ela em mente? (como era de costume com Bruckner)

    Afinal a tonalidade é certa: O adagio estava completo e dificilmente ele mudaria consideravelmente, é Fá # menor, e o scherzo I é compatível e a coda encerra em Fá maior. E como o Amâncio comentou, o purgatório ainda está dentro do plano tonal em Si bemol menor, e o finale termina em fá # maior. Me dá a impressão que Mahler se concentraria a mudar algo no Scherzo II e no desenvolvimento e exposição do Finale, evitando a dominante em ré menor, bem como pra criar os compassos faltantes que introduzem o ouvinte para a dissonância.
    Ou então era proposital essa dissonância ser tão de repente, afinal a sexta sinfonia termina nos mesmos moldes: um final inesperado e trágico, mesmo com aquela coda esperançosa no final do pirmeiro movimento em tom maior, e o crescendo do andante.

    Para essas respostas aguardo também ansiosamente pelos posts subsequentes.

  12. Boas perguntas, Caio!

    Cada sinfonia é uma sinfonia diferente, assim, “bagunçar” o plano tonal pode ser algo proposital. Veja a Sexta Sinfonia, são 3 movimentos em Lá menor e um Andante em Mi b Maior para provocar contraste (e que contraste!). Na Quinta Sinfonia, Dó# menor vai pra Lá menor, flerta com Ré Maior mas finaliza o segundo mov em Lá menor. O terceiro já é em Ré Maior, adagietto em Fá Maior e Finale em Ré; percebeu a progressão? Nona sinfonia, quatro movimentos: Ré Maior, Dó Maior, Lá menor e… Ré bemol. Jamais saberemos o que Mahler tinha em mente para a 10ª, e qualquer tentativa de “correção”, mesmo na melhor das boas intenções, será encarada como “alteração” da sinfonia.

    Sobre o procedimento de Mahler nas outras sinfonias, sim, é conhecido e eu o resumi no primeiro post da série. Vc mesmo pode dar uma olhada em alguns esboços neste site aqui.

    PS.: O Scherzo I termina em Fá # Maior.

  13. Obrigado Amâncio.

    Sim, jamais saberemos. Porém, sempre que eu ouço a sinfonia, vem à minha cabeça: “Isto é Mahler! e dos bons!”. Apesar de tudo que falta, o final do quinto movimento já me basta pra chamar isso de Décima Sinfonia de Mahler (na verdade a décima primeira), fica só o gostinho de quero mais mesmo, e o Scherzo I é tipicamente Mahleriano, e ah…um tesouro diga-se de passagem. Superei a fase do preconceito.

    Quanto a reconstruções e alterações, basta lembrar de como a ‘Noite em um monte calvo’ de Modest Mussorgsky foi melhorada pelo seu amigo Nicolai Rimsky-Korsakov, que lhe reformulou admiravelmente, sem mudar a essência, ou então o monstruoso finale da Nona de Bruckner reconstruído por Samale/Mazzuca/Phillips/Cohrs (tem também uma versão anterior do Carragan, sugiro que os leitores confiram: http://www.abruckner.com/Downloads/downloadofthemonth/february09).

  14. Caio, a reconstrução do finale da Nona do Bruckner dos Samale-Phillips-Cohrs-Mazzuca ficou mais ou menos, né (muita coisa também já havia sido escrita pelo próprio Bruckner – vivo pensando que esse é outro assunto que renderia post). Quando chega a fuga, a coisa não conseguiu deixar de ficar bagunçada nem de ter claras dificuldades de ir de uma tonalidade pra outra. Mas era mesmo a passagem mais desafiadora da reconstrução.

    Sobre o caso do Mussorgsky, hoje a edição do Rimsky-Korsakov do Boris Godunov, por exemplo, é considerada um desacato: ele sabia como poucos explorar as cores de uma orquestra, mas era muito mais conservador do que o Mussorgsky, e não pensou duas vezes em “corrigir” muita coisa.

    Obrigado pelo link da versão anterior do Carragan pro finale do Bruckner!

  15. Augusto, que ironia! das sinfonias que você citou nenhuma ouvi ainda, ou melhor dizendo, nenhuma ouvi mais profundamente, a fundo, de modo como fiz da 1ª a 4ª. êpa! êpa!não digo que as conheço como o Amancio, ou tal qual você e tantos outros, se assim o fizesse seria uma pretenção muito desmensurada. Longe de mim tamanha ousadia! explico-me: não leio partitura, e isso, convenhamos, limita-me quanto à apreciação de música clássica. Por outro lado, isso não me impede de sentir emoções das mais antitéticas e sublimes quando as ouço com afinco. Não me impede de achar nessas obras sinfônicas referências em outras obras de Arte; digo, o Intangível. E por mais subjetivo que isso possa ser; e é, e muito, é assim que vejo. Ora, na décima, o que é aquele “Acorde da Crise” senão um urro, um “bramido desengulido” de desespero por um homem atormentado com seu ser, feito Riobaldo em Grande Sertão: Veredas?
    Vejam:
    “‘-Lúcifer, lúcifer… ‘ – aí eu bramei, desengulindo.’
    (…)
    ‘-Lúcifer!, Satanaz!…’
    (…)
    ‘Ei, lúcifer! Satanaz, dos meus Infernos!'”
    (…)

    No fim do livro, na última página, no último parágrafo, Rosa nos diz desdizendo, ou melhor, Riobaldo:
    “Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há!É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia.”

    P.S.
    É possível outras analogias entre as obras, mas…
    Des´tá.
    Aguardo a continuação da série como alguém que ao ler um belíssimo livro, sente, ao chegar perto do fim, um imensurável prazer, e ao mesmo tempo uma sensação de que seria bom se ele não acabasse “jamais”.

  16. Leonardo…Seria uma interessantíssima discussão. 9º de Bruckner renderia um post fabuloso, como esse sobre Mahler.

    Bom, no caso de Bruckner, o que os musicólogos, acredito eu, se basearam muito em que suas sinfonias obedecem a uma estrutura semelhante e muito bem definida entre si, com um elo unitário muito forte, um pouco diferentemente das sinfonias de Mahler, ou estou enganado? E fora que Bruckner sugerira seu Te Deum como finale, propondo um desafio de transpor a sua tonalidade de Dó maior para Ré menor.

    Por exemplo, existe sempre um mesmo motivo no primeiro movimento, um tema (o principal), que se repete ao longo do mesmo, de forma variada, e no finale ele ressurge um pouco mais transfigurado e recontextualizado. E na coda ele entra na maioria das vezes em um perpetuum mobile, bem no finalzinho do 1º e 4º movimentos de cada sinfonia, caso da quarta; quinta (aquele motivo que é usado, pra não dizer plagiado, no ”Seven Nations Army” dos Whites Stripes); sexta; sétima e oitava. Sempre me deu a sensação que a tonalidade desse tema vai decrescendo nas oitavas no começo, mas que na coda do finale ele “não deixa a peteca cair”, e daí o perpetuum mobile, que torna o finale grandioso.

    A propósito, tem algum post sobre o Requiem e Mozart? ou a 3º Sinfonia de Elgar, a 10º de Beethoven (que Beethoven mal começou aliás), a 7º e o Scherzo da 8º de Schubert? Tudo isso daria um baita post, né?

    Gente, só deixar claro uma coisa: não passo de um leigo ouvinte, que é muito calejado com música erudita, ok?

    Não tenho formação alguma com teoria musical. Estejam previnidos contra meus comentários amadores…Aqui é só uma tentativa de atiçar discussões interessantes, haha.

  17. Émerson, vou te dizer que gostaria de estar no seu lugar…desconhecendo o restante das sinfonias de Mahler, e começar a ter novamente a maravilhosa redescoberta das suas 10 sinfonias. Não tem coisa melhor que ouvir pela primeira vez uma sinfonia de Mahler.

    Toma cuidado com a sétima, eu tive que ouvir muitas vezes pra me apaixonar por ela: Hoje é a minha favorita! A progressão tonal e a harmonia são inigualáveis, o auge da maturidade de Mahler, com suas duas canções da noite no meio…e aquele scherzo de outro mundo! Fora aquele fantasmagórico solo de trompa Tenor no primeiro movimento, e a relembrança de um dos temas sinistros do primeiro movimento, no finale, só que de forma conciliadora com todo aquele triunfo!

    A quinta e a sexta não, você vai se arrebatar de primeira…

  18. Caio,

    Exatamente: Bruckner investe uma mesma estratégia sinfônica que tornou produtiva com o seu ciclo inteiro. Já havia muita coisa anotada para o finale da Nona, mas havia lacunas em momentos cruciais, incluindo a coda, que aparentemente seria um fugato retomando os temas principais dos três movimentos anteriores – o que não é raro em Bruckner, como você disse. Na 4a. mesmo, o próprio tema principal do último movimento é uma espécie de condensado dos temas principais dos três movimentos anteriores. Acho que se debruçar sobre esse finale, inclusive pra um post, teria nessa passagem da coda o ponto mais importante de discussão.

    Sobre os outros posts de que você pergunta, talvez o blog ainda seja um pouco precoce! :) Mas o tema das reconstruções começa a ganhar ânimo com essa série do Amancio e essas discussões. Além do finale do Bruckner, cuja gravação do Harnoncourt dos manuscritos em sua forma pura ajuda muito pra ouvirmos o trabalho de Bruckner de um lado e o trabalho dos reconstituidores de outro, eu conheço algo do que foi feito da tal Décima do Beethoven e sinto que o assunto também poderia render algo. Por mais exíguo que seja o material pra dar esperanças aos ouvintes, esse assunto de grandes obras que viriam-a-ser é sempre empolgante.

    Mas sobre outros posts no blog, de inacabadas ou não, acho que você pode se interessar pelo que foi feito na categoria “Análise de obra” (http://euterpe.blog.br/category/analise-de-obra), que tem posts nessa linha de analisar parte por parte de uma obra escolhida e se privilegiar dos recursos de áudio.

  19. Tenho verdadeira paixão por Mahler.Suas sinfonias suscitam muito mais do que emoção,elas nos fazem pensar.

  20. Só para vocês verificarem a qual trecho eu me referia, observem o primeiro movimento da nona sinfonia de Bruckner:

    http://www.youtube.com/watch?v=-8Egd8OrK3Q
    (1:09 até 1:54)

    Eis o possível trecho que apareceria no finale, que é 1:15 até 1:22:

    http://www.youtube.com/watch?v=3GFOAEXGahM

    É o tema principal do primeiro movimento. E olhem como ele ressurge em 4:15, entoado pelo trombone, só que de forma decisiva na coda. Ele fica repetindo obssessivamente sem cair nas oitavas (como ocorria no primeiro movimento), fica sustentado em uma nota só, como nas outras sinfonias.

    Outros exemplos nas suas sinfonias precedentes (em todos os casos a seguir, os temas não descem em uma oitava, e ficam sustentados em um acorde fixo, diferente de como acontece no primeiro movimento de cada uma dessas sinfonias):

    – Sinfonia nº4:

    tema 1ºmov:
    http://www.youtube.com/watch?v=xsdAWSeK3w8
    (0:00 até 1:00)

    o mesmo tema no finale:
    http://www.youtube.com/watch?v=rzvYB8Lzk5Q
    (9:39 em diante)

    ……………………

    – Sinfonia nº5:

    tema 1ºmov:
    http://www.youtube.com/watch?v=CebOq7WgO7s
    (1:19 até 1:50)

    o mesmo tema no finale:
    http://www.youtube.com/watch?v=TJTG6uAYJeE
    (2:54 até 3:15)

    ……………………

    – Sinfonia nº6:

    tema 1ºmov:
    http://www.youtube.com/watch?v=-4DdrBQMHs8
    (4:06 a 4:56)

    o mesmo tema no finale:
    http://www.youtube.com/watch?v=E0d-XzeQRP0
    (10:05 em diante)

    ……………………

    – Sinfonia nº7:

    tema 1º mov:
    http://www.youtube.com/watch?v=Uq3D7iQOm1w
    (0:20 a 0:46)

    mesmo tema no finale:
    http://www.youtube.com/watch?v=A88SAttPl0k
    (4:16 em diante)

    ……………………

    – Sinfonia nº8:

    tema 1º mov:
    http://www.youtube.com/watch?v=2ZNNcvVd2EI
    (8:25 até 9:07)

    mesmo tema no finale:
    http://www.youtube.com/watch?v=hkww_vPpewk
    (6:14 em diante)

    ……………………

    Eu acho isso o traço mais marcante de Bruckner: todo o formalismo e uma estrutura isomorfa na técnica de composição que é só dele e o faz único.

  21. Excelente, Caio!! Esse reaparecimento do tema principal do começo da obra no seu final, além de dar uma simetria, uma forma de arco à obra, carrega um caráter de redenção também, porque é feita uma afirmação do tema em tonalidade maior e porque a cadência que encerra a obra como que se ajusta pra encerrá-la com a permanência da última nota do tema.

    Um detalhe engraçado: o tema principal do primeiro movimento da Sexta é bem parecido com o segundo tema do último movimento da Quarta. Ouça aqui o tema da Sexta: http://www.youtube.com/watch?v=-4DdrBQMHs8#t=4m6s, e aqui o tema da Quarta: http://www.youtube.com/watch?v=OynznzqF6lA#t=5m27s (os vídeos já vão abrir na altura certa do que eu aponto).

  22. Pois é Leonardo…

    Eu conheci a 4º antes da 6º.
    Quando eu identifiquei pela primeira vez o tema da sexta, senti algo inédito: gostei de primeira da sinfonia. E raramente eu gosto de uma música ouvindo pela primeira vez na vida (com exceção à obra Sheherazade de Korskakov, que gostei de cara). Eu não havia percebido, mas depois de ouvir novamente a 4º, eu senti o dejavu e acabei entendendo porque que gostei de cara da 6º…de fato era quase o mesmo tema haha.

  23. Amancio,

    Embora tardiamente, quero cumprimenta-lo pelos brilhantes e didáticos posts acerca da Décima de Mahler. Uma apresentação vasta, abrangente e, também, minuciosa. Quase não deixou nenhum ponto importante obscuro.

    Estou aguardando pelos proximos.

    Douglas Bock

  24. Essa segunda parte da análise ficou excelente, a história é interessante e curiosa, achei interessante o fato de que, o que levou Mahler a compor a sinfonia foi o fato de sua mulher ter o traido…

    Parabéns pela análise

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