Em 25 de julho de 2012, por Greg Sandow
Mais uma reflexão sobre a mudança/expansão do repertório clássico, porque nossa cultura mudou, e as pessoas têm novas ideias sobre música. Têm tido essas ideias, de fato, já há algum tempo.
Então quero sugerir que as pessoas na música clássica – mesmo aquelas nas instituições mais mainstream de música clássica – deveriam apresentar música que está muito além das noções normais de música clássica. Isto é, música que poderia ser comparada a instalação e arte performática, obras que (como eu notei antes) sejam grandes no mundo da arte, sejam exibidas em grandes museus, e sejam fortemente abordadas pela grande mídia. (Os links o levam a alguns exemplos em Washington, DC. Um é o site do Hirschhorn Museum, onde você pode ver o que eles estão oferecendo, incluindo o show que a imagem que eu estou usando ilustra. O outro é a explicação do Washington Post de uma gigante instalação externa do Hirschhorn, uma que alcançou imensa publicidade, e que foi muito comentada na cidade.)
Então vou sugerir que orquestras, por exemplo, pensem em programar a famosa peça silenciosa de John Cage, 4’33”, ou peças de Pauline Oliveros, em que o público murmura e canta. Ou o Stimmung de Stockhausen, em que seis cantores sentam em círculo e cantam sobretons de si bemol. Ou I am sitting in a room [Estou sentado em uma sala] de Alvin Lucier, em que uma série de gravações revela maravilhosamente a cor acústica do espaço em que você está.
Ao que algumas pessoas certamente responderam: orquestras? Por que as orquestras (ou grupos de câmara, ou companhias de ópera) deveriam fazer essas coisas? Essas peças não são obras orquestrais (ou de câmara, ou óperas). Essa não é a nossa missão!
Mas você tem uma missão maior, que é representar a música clássica na sua comunidade, e promovê-la. Você pode pensar, “Somos uma orquestra, então todo mundo entende que tocamos música orquestral.” Mas você está errado. Parte do seu trabalho – uma parte essencial, nos próximos anos – será alcançar pessoas que atualmente não ligam muito para a música clássica, e (algo crucial de se entender) elas não pensam a seu respeito tal como você mesmo pensa. Sim, elas veem que você apresenta obras orquestrais, e é isso o que elas – sem pensar muito a respeito – esperam de você.
Mas ainda mais do que isso, elas o veem como um exemplo proeminente – talvez, em sua comunidade, o mais proeminente – de música clássica. Então o que você faz é o que elas pensam que a música clássica é. Para atraí-las, você vai ter que funcionar como parte da cultura delas, como uma forma de arte contemporânea. Para fazer isso, você vai ter que oferecer música que se estende tão longe quanto outras artes fazem, e tão longe quanto a cultura popular faz. E você não vai estar fazendo isso se a maior parte do que você faz é tocar obras-primas conhecidas para o seu público já existente e conservador.
Vejo que este post está se alongando, então vou parar por aqui, e continuar amanhã. Depois que terminar este post sobre programação (e mais um, bem curto), vou continuar com o que pode ser minha sugestão mais controversa – que temos que tocar as obras do repertório padrão de maneira mais vívida.
“New programming — expanding the box”, por Greg Sandow, traduzido por Leonardo T. Oliveira.