Quatro pontos para o futuro

Em 13 de setembro de 2012, por Greg Sandow

Aqui, como prometido, estão as coisas chave que precisamos fazer, se quisermos dar à música clássica um futuro. Quando escrevi isto, pensava em pessoas que apresentam concertos e recitais clássicos. Mas penso que isso se aplica a todos nós — por exemplo, a pessoas que escrevem sobre música clássica, para quem o último ponto poderia ser reajustado para “escreva vividamente.”

Mas basta de introdução. Eis aqui meu manifesto:

Estamos em uma nova era. Para adaptar, e construir um novo público, aqui estão quatro coisas que você deveria fazer:

Entenda e respeite a cultura fora da música clássica.

Seu novo público vai vir do mundo de fora da música clássica. De onde mais ele poderia vir? E para alcançar essas pessoas, você obviamente precisa conhecê-las. Quem elas são? Que tipo de cultura elas já têm? Você precisa respeitá-las, porque se não o fizer, elas não vão respeitá-lo.

Trabalhe ativamente para encontrar seu público.

As pessoas que você quer alcançar podem não se importar com a música clássica ainda. Então elas não vão responder a RH convencional e marketing. Elas não vão vir até você por conta própria. Você precisa sair ativamente e encontrá-las. Você precisa conversar com elas onde elas vivem, onde elas trabalham, e onde elas vão em busca de entretenimento e inspiração. Você tem que habitar o mundo delas.

Seja você mesmo.

A sua urgência, o seu entusiasmo, e a sua paixão vão atrair pessoas a você. Mas você não pode ser entusiasmante se não ama a música que toca. Então nunca seja alcoviteiro. Nunca faça força para ser relevante”. Toque a música que faz o seu coração cantar. Confie em seu novo público. Confie que ele será inteligente, que será curioso, e que vai responder com entusiasmo quando vir quão entusiasmante você é.

Faça música vividamente.

As pessoas que você alcançar vão querer amar a música que você trouxer para elas. Mas você consegue atender essa expectativa? Você está trazendo a elas algo que elas realmente amam? Suas execuções deveriam ser inteiramente suas, apresentações que ninguém mais poderia dar. Sua música precisa respirar. Contrastes deveriam se fazer sentir como contrastes. Clímaxes deveriam se fazer sentir como clímaxes. Você está fazendo tudo o que pode para trazer sua música à vida?

Este não é o guia tático para se construir um novo público, como um comentador queria ver. E de que todos precisamos! Mas esses quatro pontos, se você me perguntar, são os princípios que deveriam guiar tudo o que fazemos. Se não os aplicarmos, as coisas que tentarmos podem não funcionar.

“Four keys to the future”, por Greg Sandow, traduzido por Leonardo T. Oliveira.

Este post pertence à série A crise da música clássica, por Greg Sandow:
1. Um tempo selvagem, em 12 de junho de 2012
2. A grande mudança, em 14 de junho de 2012
3. Por que o público vence a apologia, sempre, em 15 de junho de 2012
4. Construindo um público jovem (primeiro post), em 19 de junho de 2012
5. Colocando isso em prática, em 20 de junho de 2012
6. Construindo um público jovem (segunda parte), em 24 de junho de 2012
7. Construindo um público jovem (mais sobre música nova), em 27 de junho de 2012
8. Construindo um público jovem (mais sobre a mudança da cultura), em 28 de junho de 2012
9. Construindo um público jovem (prova da mudança da cultura), em 2 de julho de 2012
10. Programando a música clássica para a nova cultura (primeiro post), em 8 de julho de 2012
11. Boulez e Godard, em 11 de julho de 2012
12. Programando para um novo público: um exemplo, em 13 de julho de 2012
13. Programando para um novo público — Shuffle.Play.Listen, em 17 de julho de 2012
14. Programando para um novo público — mais exemplos, em 20 de julho de 2012
15. Programando para um novo público — coisas que funcionaram, em 24 de julho de 2012
16. Nova programação — expandindo a caixa, em 25 de julho de 2012
17. Repertório — post final, 31 de julho de 2012
18. Tocando mais vividamente, para o novo público, em 2 de agosto de 2012
19. Tocando mais vividamente — segundo post, em 6 de agosto de 2012
20. O que temos que fazer, em 11 de setembro de 2012
21. Quatro pontos para o futuro, em 13 de setembro de 2012