Em 24 de julho de 2012, por Greg Sandow
Então por que o festival White Light do Lincoln Center importa? Eu o mencionei em meu último post sobre um novo público, e listei os programas para a próxima temporada:
Première americana de Rian, apresentada pelo Fabulous Beast Dance Theatre da Irlanda.
O virtuose Wang Li toca berimbau de boca e flauta cabaça
Première em N.Y. de Vertical Road, do coreógrafo Akram Khan
Cameron Carpenter toca Bach ao órgão do Alice Tully Hall
Das Lied von der Erde de Mahler, arranjado para orquestra de câmara, conduzida por Matthias Pintscher, e apresentada pelo pianista Emanuel Ax, membros da New York Philharmonic, mezzo-soprano Tamara Mumford e tenor Russell Thomas
Cosmic Pulses, programa exclusivo de Stockhausen, apresentado pelo percussionista Stuart Gerber e pelo projetista de som Joe Drew
Debut americano do Latvian Radio Choir
Mary Chapin Carpenter canta seu novo álbum, Ashes and Roses
A obra musical/teatral de Heiner Goebbels I went to the house but did not enter [Eu fui para casa mas não entrei], com o Hilliard Ensemble
Esa-Pekka Salonen rege a Philharmonia Orchestra na Sinfonia No. 9 de Mahler
Então aqui temos música clássica, antiga e nova, misturada com o mundo da música, teatro, dança e pop. O fio unindo isso tudo junto é a espiritualidade. E o que o Lincoln Center fez, com esse foco, foi trazer um público (um segmento, suponho, do público da Next Wave da Brooklyn Academy of Music) interessado em arte, e feliz em ir a eventos de música clássica porque eles fazem parte do festival.
Algo parecido aconteceu alguns anos atrás com o festival Tully Scope do Lincoln Center, que era apenas de música, de vários tipos. Eu fui a um dos eventos, e ouvi uma noite de Heiner Goebbels (música clássica atual), tocado para uma casa relativamente cheia de pessoas – e essa não era apenas a minha visão – que claramente não eram o público clássico padrão ou o público de música nova padrão. O Lincoln Center encontrou um público ansioso em vir para o que quer que o festival oferecesse – Goebbels, Emanual Ax tocando Schubert, Xenakis, Tyondai Braxton tocando rock com uma orquestra clássica. E, como escrevi antes, tem havido muitos eventos em Nova Iorque que atraem um público não clássico para música clássica nova – a maratona Bang on a Can, um grande concerto orquestral da Wordless Music. E sim, o concerto da Wordless Music teve uma peça de Jonny Greenwood, o guitarrista do Radiohead, e ela foi claramente o grande atrativo. Mas foi uma peça que qualquer grupo clássico deveria ter orgulho em tocar, uma peça cuja linhagem remonta muito mais à textura musical de compositores como Penderecki do que com rock. (Como você pode ouvir pelo selo Nonesuch, comparando Greenwood ao próprio Penderecki. (Aqui um link do Spotify caso você queira ouvir.))
A lição para nós aqui? Que se você cria um evento – algo que parece mais do que o concerto clássico usual –, as pessoas abertas a uma cultura mais aventureira podem muito bem vir, independente delas normalmente irem a apresentações clássicas.
E não funciona apenas em Nova Iorque. Em Sakatoon, Saskatchewan, Lia Pas fundou o Mysterium Choir, que por dois anos apresentou concertos de música espiritual, incluindo peças de Meredith Monk e Pauline Oliveros. Ela me contou que atraiu mais pessoas do que a série de música de câmara de Saskatoon.
(A imagem que usei aqui vem do site dela.)
“Programming for a new audience — things that worked”, por Greg Sandow, traduzido por Leonardo T. Oliveira.